Falta pouco menos de um mês para o início do prazo para as convenções partidárias que vão definir os candidatos a governador de Santa Catarina, assim como as chapas e coligações que vão lhes dar suporte. Nesse contexto, os próximos dias serão de conversas, anúncios enfáticos, notas oficiais – estas escritas às vezes mais para serem interpretadas do que lidas objetivamente.
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Nos últimos dias, por exemplo, o PSB do ex-deputado Paulo Bornhausen e o Solidariedade (partido ligado à Força Sindical) lançaram notas para ratificarem o apoio já anunciado à pré-candidatura de Gelson Merisio (PSD). Foi uma clara resposta ao lançamento da pré-candidatura de Esperidião Amin (PP) ao governo no sábado, em Criciúma, e às articulações de bastidores para que Merisio aceite ser vice do pepista em uma composição que inclua o PSDB.
Não está escrito nas notas, mas é fácil ler que se Amin encabeçar o projeto, PSB e Solidariedade estão fora. Paulo Bornhausen diz que se esse for o caminho, seu partido se sentirá liberado do compromisso com Merisio – que foi costurado há mais de dois anos. Ressalta que o PSB não rejeita Amin como candidato ao Senado, mas que não abre mão da vaga de vice-governador na chapa. Hoje, o nome mais cotado é o vereador joinvilense e empresário Ninfo König. Os pessebistas poderiam lançar candidato ao governo nesse cenário – talvez o outsider que nenhum partido se atreveu a lançar até agora.
Quando deu início a seu projeto de disputar o governo, Merisio imaginou uma aliança com PP e PSB e um grupo de médios partidos interessados em viabilizar a conquista de vagas no Legislativo. Trabalhou incansavelmente para afastar o PSD do MDB e demonstrou pouco interesse em compor com o PSDB. A ideia era construir um chapa com tempo de televisão e capilaridade de cabos eleitorais, sem herdar os desgastes de emedebistas e tucanos, especialmente em plano nacional.
Até agora, o plano deu certo no campo da construção política. São dez siglas acopladas ao projeto – incluindo aí o PDT do deputado estadual Rodrigo Minotto, que deu declarações de apoio a Merisio nos últimos dias que apresentam o mesmo tom das notas oficiais do PSB e do Solidariedade. Fica claro, assim, que essa construção se desfaz sem o pré-candidato pessedista no comando.
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É difícil imaginar que notas e discursos tenham surgido sem o aval de Merisio. Eles indicam disposição do deputado estadual de continuar no jogo mesmo que Amin entre – e o ex-governador tem total condições de construir sua própria e competitiva aliança, ressalte-se. Dentro do projeto que desenho lá atrás, Merisio planeja fazer a convenção do PSD logo nos primeiros dias em que for permitido, para sacramentar a questão. Mas terá esse longo mês pela frente.