Acostume-se a este roteiro, leitor: um problema nasce de uma questão técnica no governo, entidades e atores atingidos questionam, o impasse toma o parlamento, deputados estaduais apresentam a solução negociada sob a liderança do presidente da Assembleia Legislativa, Júlio Garcia (PSD).
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Essa lógica resume a questão dos decretos assinados no final da gestão Eduardo Pinho Moreira (MDB) retirando incentivos fiscais de diversos produtos, inclusive da cesta básica, e que tornou-se impasse diante da posição dúbia do governo Carlos Moisés da Silva (PSL) sobre o tema. Enquanto o governador apontava empecilhos legais para a revogação, o secretário Paulo Eli, da Fazenda, fazia a defesa do conteúdo dos decretos – assinados justamente por ele, também comandante da pasta no período emedebista.
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Júlio Garcia mal esperou o Carnaval acabar para reunir líderes partidários e concertar um acordo que acalmou o setor produtivo – assustado com os aumentos de alíquotas de ICMS e a disposição de Paulo Eli de rever a política fiscal em vigor no Estado desde 2003. Ao fim, o pessedista fez pose de poder moderador e mostrou que é a política – nem nova e nem velha, somente política – que resolve impasses. No dia seguinte, Carlos Moisés encaminhou um projeto de lei sobre o tema para ser analisado em regime de urgência. Teve que recorrer ao famigerado papel, inimigo número um deste começo de gestão, a pedido da Alesc. Até nisso o parlamento deu o tom.
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