Já é senso comum dizer que a eleição para governador do Estado é a mais indefinida em suas composições da história recente de Santa Catarina. Embora o quadro comece a clarear, ainda estamos chegando agora, final de junho, àquele momento em que cada partido tem seu protagonista definido – o que não significa que vá mesmo tornar-se o candidato.

Continua depois da publicidade

A comparação com as eleições de 2010 ajuda a entender o cenário. Naquela disputa, havia um fim de ciclo – duas vezes eleito governador, Luiz Henrique da Silveira (PMDB) renunciara para concorrer ao Senado e o governo estava nas mãos de seu ex-vice Leonel Pavan (PSDB), não candidato. Pegue a frase anterior e substitua LHS por Raimundo Colombo (PSD), Pavan por Eduardo Pinho Moreira (MDB) e está posto o paralelo.

O período pré-eleitoral de 2010 apresentava uma característica diversa ao cenário atual. Os cinco maiores partidos do Estado tinham seus nomes praticamente certos para a disputa – a única dúvida era no PMDB entre Pinho Moreira e Dário Berger, resolvida em favor do primeiro em prévia realizada em março daquele ano. Além deles, estavam a postos Angela Amin (PP), Ideli Salvatti (PT), Leonel Pavan (PSDB) e Raimundo Colombo (DEM).

As intrincadas negociações entre os partidos e os pré-candidatos faziam as previsões balançarem entre a possibilidade das cinco candidaturas ou de aglutinação delas em dois ou três palanques. Aí vem outro paralelo. O gatilho para a recomposição da tríplice aliança em torno de Colombo aconteceu no dia 14 de junho de 2010, quando Pinho Moreira desistiu da candidatura e aceitou ser vice na chapa do então demista.

O gesto isolou Pavan, já abatido pela denúncia do Ministério Público de SC na Operação Transparência, que também foi levado a desistir de disputar a reeleição em nome de um palanque forte para o presidenciável José Serra (PSDB). Era tarde demais para Angela e Ideli somarem suas candidaturas – Colombo venceria em primeiro turno.

Continua depois da publicidade

Voltando a 2018, temos Pinho Moreira desistindo de disputar o governo na última segunda-feira, dia 18 de junho, quase aniversário da oito anos da outra desistência. Mais uma vez, o gesto tem tudo para desemperrar as engrenagens que vão formar o cenário eleitoral deste ano.

Há mais paralelos. Alckmin substitui Serra como presidenciável tucano em busca de amplo e forte palanque local. Nome do PSDB para a disputa, Bauer é competitivo ao mesmo tempo em que se defende de investigação por corrupção no Supremo Tribunal Federal – situação que lembra a de Pavan em 2010. Como naquele ano, um Amin – desta vez Esperidião – lidera as pesquisas eleitorais que circulam por aí. Com uma diferença crucial – o pepista não está politicamente isolado como na última década.

Final de junho de 2018, o cenário pré-eleitoral finalmente chegou ao ponto em que estava naquela eleição de oito anos atrás. Os cinco maiores partidos do Estado têm seus nomes definidos: Mauro Mariani (MDB), Gelson Merisio (PSD), Amin (PP), Bauer (PSDB) e Décio Lima (PT). Agora vem a segunda parte da pré-eleição: as composições.