Desde que as urnas em outubro do ano passaram fizeram o até então nanico PSL virar o partido do presidente da República e, em Santa Catarina, do governador, quatro deputados federais e seis deputados estaduais, tenho repetido aqui que a legenda é uma casa que começou a ser construída pelo telhado e que o principal desafio dos eleitos era fazer dele um partido de verdade. Nesta semana chegamos ao auge de um conflito bastante previsível pelos destinos da sigla que deu vazão à onda conservadora.

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Na Câmara dos Deputados, a ala mais próxima do presidente Jair Bolsonaro e a ligada a Luciano Bivar, dono da legenda, digladiaram-se entre quarta-feira e ontem em uma disputa de assinaturas para trocar o líder do partido.

Os bolsonaristas queriam destituir Delegado Waldir (PSL-GO) e em seu lugar colocar Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Um movimento claro de tomada da sigla. Os bivaristas – sim, agora existe isso – reagiram e conseguiram reunir um número maior de deputados do PSL em uma segunda lista, mantendo Waldir no posto.

Até a noite de ontem, uma nova lista era preparada, com as redes bolsonaristas insuflando deputados mudarem de posição em favor de Eduardo. O dia foi marcado pelo vazamento de conversas do presidente articulando apoio ao filho e de Waldir prometendo implodi-lo.

Em meio a tudo isso, o presidente Bolsonaro estava em Florianópolis na tarde nesta quinta-feira (17), na aula inaugural da Academia Nacional da Polícia Rodoviária Federal. No breve discurso que fez, mandou recados que remetem diretamente à disputa interna do PSL. Abriu dizendo que deve lealdade ao povo e saudou os catarinenses por ter sido aqui o primeiro Estado em que liderou pesquisas.

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Ao citar autoridades presentes, destacou a deputada federal Caroline de Toni e Coronel Armando, que assinaram a lista pró-Eduardo. Os pesselistas catarinenses que estavam na lista contrária, Daniel Freitas e Fabio Schiochet, nem estavam presentes – nos bastidores dizia-se que tiveram negada a carona no avião do presidente. Veja o que disse Bolsonaro ao cumprimentar Caroline de Toni:

– É uma satisfação tê-la em meu partido, uma aliada leal de primeira hora. A minha bandeira, a sua e a do Coronel Armando é a mesma de antes de nos conhecermos – afirmou o presidente, enumerando afinidades, entre elas “não negociar coisas menores dentro do parlamento”.

As tensões vão continuar. É o PSL erguendo suas paredes, definindo o se será um partido de centro-direita parlamentar ou a legenda de um líder popular com seguidores fiéis. A implosão da casa não é um opção a ser descartada.

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