Sucessivas derrotas eleitorais na última década praticamente sumiram com a esquerda no tabuleiro político de Santa Catarina. Ainda majoritário no campo, o PT ostenta bancadas semelhantes às elegeu em 1990, enquanto o PSOL continua sendo um partido bem posicionado em Florianópolis, mas com dificuldade de cruzar a Ponte Colombo Salles – a que leva para fora da Ilha de Santa Catarina.

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É nesse cenário de um Estado vivendo um apogeu conservador que garantiu 75% dos votos para o presidente Jair Bolsonaro (PSL) ano passado que as esquerdas tentam descobrir como renascer entre os catarinenses. Embora nunca tenham elegido um governador, as esquerdas ocuparam importantes espaços de poder. Entre os anos 1990 e 2004, conquistaram Florianópolis (Sérgio Grando, do PCB), Blumenau (Décio Lima, do PT), Criciúma (Décio Góes, do PT), Chapecó (José Fritsch, do PT), Itajaí (Volnei Morastoni, PT à época), entre outras. A bordo da Onda Lula, em 2002, o PT elegeu a senadora Ideli Salvatti, cinco deputados federal e nove estaduais. Último raio desse bom momento foi a conquista da prefeitura de Joinville pelo PT de Carlito Merss em 2008. Depois disso, quase nada mais deu certo para os esquerdistas.

O cenário de hoje mostra muita dificuldade para a esquerda nas eleições do ano que vem – a maior cidade sob comando do PT é Imbituba, no Sul do Estado. Nada indica mudança nessa conjuntura. Cidades como Joinville, Criciúma e Itajaí nem vereador petista têm. Florianópolis e Blumenau têm um nome petista cada, Chapecó dois. Na Capital, após o espaço à esquerda foi ocupado pelo PSOL, com dois vereadores e o terceiro lugares de Elson Pereira na última disputa pela prefeitura.

É um nome natural – embora não tenha conquistado a cadeira de deputado estadual ano passado, Elson foi o mais votado na cidade. Nomes naturais também seriam Décio Lima em Blumenau, quarto colocado na última disputa pelo governo, e Pedro Uczai em Chapecó, o único deputado federal da sigla. Nas outras cidades, tudo depende de construção.

Na última sexta-feira, um grupo de partidos de esquerda trouxe para Florianópolis uma experiência de sucesso no campo: Javier Miranda, da Frente Ampla, coalizão de legendas e organizações que governa o Uruguai desde 2004. O evento faz parte do ensaio de frente de esquerda para as eleições do ano que vem em Florianópolis. PT, PSOL, PDT, PCdoB, Rede, PCB, PCO e IC estão na mesa. Se ouviram algo do que disse o uruguaio, podem estar juntos no palanque também.

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