Simone Schramm não veio a Florianópolis a passeio. A emedebista assumiu em maio a Secretaria Estadual da Educação, escolhida pelo governador Eduardo Pinho Moreira (MDB) para substituir Eduardo Deschamps (PSD), um dos ícones do antecessor Raimundo Colombo (PSD). Deixou o comando da Agência Regional de Joinville e assumiu o cargo disposta a deixar marca nesses poucos meses até o fim do governo.

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Logo de cara, após uma auditoria interna, anunciou a devolução às salas de aula de 114 professores que estavam lotados na Secretaria, ganhando gratificações por produtividade. O impacto da medida acabou ofuscado pela greve dos caminhoneiros, mas mexeu com apadrinhamentos históricos no setor.

Ontem, outra decisão de Schramm foi tema de debate na Assembleia Legislativa. A secretária determinou que a partir de agora as matrículas nos 18 Cedups (centros de educação profissional) do Estado serão realizadas apenas uma vez por ano, em fevereiro. A alegação é a necessidade de equilibrar a oferta e a procura pelas vagas no ensino profissionalizante. Há ampla evasão nos cursos – um deles, o de Informática no Cedup de Tubarão, contaria com apenas um aluno dos 45 inicialmente inscritos. A Secretaria garante que nada muda para os atuais alunos.

O Sinte/SC reagiu ao cancelamento das novas matrículas – tradicionalmente realizadas na metade do ano. Os sindicalistas já vinham reclamando da postura da nova secretária, que ainda não recebeu a entidade. Nesta quarta-feira, será realizado um ato em frente à sede da pasta – secretaria e sindicato são quase vizinhos no Centro de Florianópolis – questionando a decisão, entre outras demandas. O Sinte/Sc quer forçar uma reunião com Schramm. Ela estará em Brasília, mas já designou diretores para receber os sindicalistas.

O tema chegou à Assembleia ontem, levado pelo deputado estadual Fernando Coruja (Podemos), que questionou a decisão de Schramm.

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— A argumentação é de que 50% desistem, mas a solução não é fechar o curso e, sim, saber porque estão desistindo. Sou contra essas mudanças, fiz pedido de informação ao governador e uma solicitação de audiência pública junto com a deputada Carminatti — disse o parlamentar.

Na mesma linha, a tribuna foi ocupada por Rodrigo Minotto (PDT), Valmir Comin (PP), Gabriel Ribeiro (PSD), Dirceu Dresch (PT) e Luciane Carminatti (PT). Talvez sem munição para rebater, os parlamentares emedebistas preferiram o silêncio. O tema deve continuar vivo nas próximas sessões – até porque temas que isolam o MDB têm audiência no parlamento estadual.

Simone Schramm sabe que mexeu em mais um vespeiro. Convocou os diretores dos 18 Cedups para uma reunião em Florianópolis nesta quinta-feira. Vão discutir os fatores que levam a essa alta evasão. Nesse contexto, a audiência pública na Assembleia também pode contribuir para esse debate. Em toda eleição, a educação é citada como prioridade e os cursos profissionalizantes como garantia de empregabilidade. Se existem mais vagas do que interesse por elas, é hora de fazer discurso e prática conversarem.