Embora estejam definidas as vagas de candidatos a governador, senador e suplentes que estarão em disputa nas eleições de outubro em Santa Catarina, ainda existem acertos a serem realizados dentro das coligações. O principal deles é a situação de deputado federal João Rodrigues (PSD) e sua inusitada situação de bater ponto na Câmara durante o dia e se recolher na Penitenciária da Papuda à noite.

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O nome de Rodrigues foi aprovado na convenção do PSD e está na lista do partido junto com o dos demais pessedistas que concorrerão à Câmara dos Deputados em uma subchapa integrada também pelo PP e pelo PV. Na convenção, Gelson Merisio – agora candidato a governador – disse que o PSD catarinense acredita na inocência do parlamentar no processo em que foi condenado por irregularidades na compra de uma retroescavadeira em Pinhalzinho, quando era vice-prefeito, mas ressaltou que só seriam inscritos os candidatos que estivessem livres dos efeitos da Lei Ficha Limpa.

De Brasília, Rodrigues tem mantido o discurso de que continua candidato a deputado federal. Ele sofreu mais um revés na semana que passou quando o STF negou o recursos em que o parlamentar pedia a análise do mérito do caso – ele sempre alegou que não houve má-fé na operação.

A última saída é tentar que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre, analise se houve a prescrição do caso. Por enquanto, Rodrigues continua sujeito à Ficha Limpa e está inelegível.

Em mensagens diárias à militância, o parlamentar prega um otimismo que a realidade vai esvaziando. Mesmo assim, mantém sob sua liderança dezenas de prefeitos, vereadores e incontáveis cabos-eleitorais. No PSD, a informação é de que se não houver uma reviravolta até dia 15, prazo final das inscrições, Rodrigues não será registrado.

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Nos bastidores, o grupo do parlamentar já negocia sua substituição pela mulher do deputado, Fabiana Rodrigues, filiada ao DEM em abril. No momento, esta filiação é um entrave à substituição da candidatura. Na distribuição dos partidos nas subchapas que concorrem à Câmara Federal, o DEM foi colocado no bloco que tem PSB, PDT, PCdoB, Solidariedade, PSC e PRB. A ideia era de que esse time teria condições de eleger parlamentares com votações menores do que se reunidos aos gigantes PSD e PP. Esse acordo de elegibilidade é a peça fundamental para explicar como Merisio atraiu tantas médias e pequenas siglas para sua órbita. Entrando no bolo com Rodrigues de cabo eleitoral, Fabiana bagunça a estratégia e causa indignação aos aliados e atrapalha até mesmo o demista Marcos da Rosa, aposta de João Paulo Kleinübing (DEM) para sucedê-lo em Brasília.

Por outro lado, desagradar Rodrigues pode ter forte efeito colateral no projeto de Merisio – que precisa do time do deputado federal engajado em seu projeto. As discussões devem continuar até o fim do prazo de inscrição das chapas.