Quando 71% dos eleitores catarinenses elegeram Carlos Moisés (PSL) em 2018, uma das poucas coisas que sabiam a seu respeito era que se tratava de um militar. O Comandante Moisés, como foi chamado durante toda aquela campanha eleitoral que o apresentava como “o governador do Bolsonaro”. Eram as duas informações básicas, suficientes naquele momento ao eleitor: militar e bolsonarista.
Continua depois da publicidade
Antes da posse, quando ainda se tentava desvendar como seria o governo da autointitulada nova política, fui ao Centro Administrativo ver de perto como estava sendo feita a transição entre os governos de Eduardo Pinho Moreira (MDB) e Moisés. Havia uma dezena de pessoas nomeadas para a função. Extraoficialmente, no entanto, eram mais de três dezenas os militares que lá estavam para dar suporte a Moisés. Um deles disse uma frase que nunca esqueci:
– A farda vai ajudar Moisés, mas porque sabemos que se o governo der errado vão colocar a culpa na farda.
A força da frase, no entanto, não resistiu ao primeiro ano de governo. Embora houvesse muitos militares em postos importantes da gestão Moisés, a categoria, especialmente os oficiais, também sentiram, estranharam e rejeitaram o autoisolamento do governador. O último fio desse suporte da farda passou a ser Jorge Tasca, coronel da PM e secretário da Administração. No auge da crise dos respiradores, quando teria ameaçado deixar o governo se não houvesse mudança de rota, a possível saída foi considerada por oficiais o fim da relação. Tasca ficou, o governo mudou o rota.
Esta semana, na CPI dos Respiradores, coube justamente a Tasca ser a primeira pessoa do governo Moisés a encarar a oposição para defender o governo. Foi ironizado pela condição de militar – Kennedy Nunes (PSD) chegou a dizer que ele não estava no quartel falando com subordinados.
Continua depois da publicidade
No dia seguinte, Associação dos Oficiais Militares de SC (Acors) lançou nota criticando o tom que considerou “pejorativo” e “desrespeitoso” nas falas de membros da CPI sobre a carreira militar. Não foi uma defesa do governo, pelo menos não ainda. Mas, de certa forma, a oposição pode ter dado um empurrãozinho na reconciliação entre o governo Moisés e a farda.
Frase da semana
Tudo que o senhor fala aqui tem que ser checado, porque o senhor dissemina fake news
Jorge Tasca, secretário de Administração, rebatendo o líder da oposição Ivan Naatz (PL) na CPI dos Respiradores como nenhum governista havia feito em público até então.
Aluna de Temer

A vice-governadora Daniela Reinehr (ex-PSL) tem procurado lideranças políticas do Estado para conversar sobre o futuro, seguindo à risca a cartilha Michel Temer (MDB). Não obteve muito sucesso, por enquanto. No aeroporto de Florianópolis, no dia da visita presidencial, um registro do colega Diórgenes Pandini para uma cochichada com o senador Esperidião Amin (PP).
Sem risco
Em meio à correria e aflição de diversos políticos catarinenses para participar do sobrevoo de helicóptero do presidente Jair Bolsonaro sobre as área atingidas pelo ciclone bomba, sábado passado, destoou o senador Dário Berger (MDB). O emedebista estava presente na hora, mas não fez questão de embarcar na aeronave. Dois dias depois, Bolsonaro anunciou que testara positivo para Covid-19 e Dário provou, mais uma vez, que é um homem de sorte.
Continua depois da publicidade
MDB alinhados

Os emedebistas garantem que nunca estiveram tão alinhados na Assembleia Legislativa. Na sessão de quarta-feira, os deputados Valdir Cobalchini e Volnei Weber deixaram isso claro no registro de Rodolfo Espínola, da Agência AL.
Nova CGE
A nomeação dos auditores fiscais Cristiano Socas da Silva e Marisa Zikan como controlador-geral e controladora-geral adjunta deve dar um respiro ao governador Carlos Moisés na relação com a categoria. Desde a criação da CGE, o Sindiauditoria criticava com veemência e frequência que o professor Luiz Felipe Ferreira ocupasse o comando do órgão. As novas indicações foram bem recebidas. A próxima batalha, agora, será pela regulamentação das competências da CGE. A compra dos respiradores deixou claro que até agora é um órgão figurativo.
Concisas
– O ex-prefeito joinvilense Carlito Merss (PT) foi nomeado esta semana assessor da bancada estadual do PT na Assembleia Legislativa. Ele é também o primeiro suplente de deputado do partido.
– O jornalista Ricardo Dias foi exonerado do cargo de assessor especial da Casa Civil em que foi alojado após deixar a Secretaria de Comunicação. Seu destino deve ser a assessoria do BRDE.
Continua depois da publicidade
– Ao que tudo indica, a passagem de Jair Bolsonaro por Santa Catarina não contagiou ninguém.
Participe do meu canal do Telegram e receba tudo o que publico no NSC Total e outras mídias. É só procurar por Upiara Boschi – NSC Total ou acessar o link: https://t.me/upiaransc