A Justiça ainda avalia o inquérito final da Polícia Federal sobre a Operação Chabu, mas o caso já rendeu efeitos práticos. A revelação de que havia um agente infiltrado no Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) para vazar informações sobre investigações em andamento fez o Ministério Público de Santa Catarina mudar procedimentos para evitar que o problema se repita.
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Procurador-geral de Justiça, Fernando Comin admite que sem a operação da Polícia Federal não haveria a identificação do policial rodoviário federal Marcelo Winter, apontado como integrante do suposto esquema. A Operação Chabu investigou as relações entre empresários, políticos e integrantes de órgãos de investigação para antecipar e sabotar operações da Polícia Federal e do Gaeco. Entre os indiciados pela PF está o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (DEM), que nega participar do esquema.
Leia a conversa com Fernando Comin:
A Operação Chabu apontou um agente infiltrado no Gaeco para vazar informações das operações em andamento. Foi feita alguma mudança de procedimento para evitar que isso se repita?
A Operação Chabu revelou a existência de um agente cedido de outro órgão, mas que estava trabalhando no Gaeco da Capital há muitos anos, e que vazou informações sobre operações em andamento. Nós não teríamos alcançado essa identificação não fosse a Operação Chabu. Foi algo positivo nesse aspecto, porque nós não só desligamos esse policial rodoviário federal, como instauramos um procedimento de sindicância interna para apurar todos os protocolos que eram adotados e poderiam ser modificados para que a gente alcançasse o maior sigilo e segurança da informação que tramita dentro do Gaeco. A partir daí, sim, houve uma série de alterações nas rotinas internas. Obviamente não posso detalha-las, mas partem de um maior compartilhamento das informações. Nenhum agente da equipe vai ter acesso a toda a informação da operação.
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Acredita que investigações do Gaeco aqui na região tenham sido prejudicadas?
Identificamos duas operações que foram prejudicadas pela atuação desse agente. Nenhuma delas aqui na Grande Florianópolis.
Deu para retomar o fio da meada dessas investigações?
Deu para retomar. Claro que não com a celeridade que a gente gostaria de dar a resposta, mas elas virão. Não houve prejuízo nesse aspecto. O crime quando deixa vestígios, mais cedo ou mais tarde, eles aparecem. Embora tarde, nós vamos mostrar as provas desses casos.