Um antigo matemático dizia que o tempo é relativo e algumas vezes é possível demonstrar isso sem apelar a complexas equações. Por exemplo: em que dia começa o ano de 2018? Pelo tradicional calendário gregoriano, começa neste 1º de janeiro, como usualmente costuma acontecer.

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Quando entramos no terreno da política, existem outros sistemas a classificar as datas. De alcance nacional, o calendário lavajatiano definiu que 2018 eleitoral começa em 24 de janeiro, uma quarta-feira, quando o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) começa a julgar o ex-presidente Lula (PT) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo envolvendo o apartamento triplex em Guarujá (SP). Se os desembargadores federais de Porto Alegre mantiverem a condenação imposta pelo juiz Sérgio Moro, é provável que seja o atual líder da pesquisas seja impedido de concorrer à Presidência da República. A presença ou a ausência de Lula mexe com todo o tabuleiro eleitoral. Entre as principais variáveis estão forma como o eleitor lulista se dispersa entre um provável plano B do PT e nomes como Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede) e a consistência do outsider Jair Bolsonaro se for desnecessário o papel de anti-Lula.

Em Santa Catarina estaremos regidos por um terceiro calendário político – o calendário raimundiano. Em dezembro, o governador Raimundo Colombo (PSD) definiu que renuncia em abril, data-limite para deixar o cargo e ficar apto a concorrer ao Senado. Mas afirmou que começa em fevereiro a transição para o vice-governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB), inclusive com direito a licença do cargo nesse meio tempo.

Foi a forma que o governador encontrou para sair do embretamento causado pelas posições de Pinho Moreira, que exigia a antecipação da renúncia para assumir o governo, e de Gelson Merisio (PSD), pré-candidato do PSD à sucessão, que não queria dar para o PMDB um dia de mandato a mais do que o necessário. Durante os últimos meses, atender a um ou a outro era visto como um sinal de Colombo em favor da aliança ou da candidatura própria. Da forma que anunciou, o pessedista adiou o debate.

A licença de Colombo deve acontecer depois do Carnaval, 14 de fevereiro, quando deve partir para um curso na Espanha. E nesta data que começa o 2018 da política estadual. Pinho Moreira deve assumir e a volúpia que apresentar com a caneta na mão vai ajudar a clarear as possibilidades da reedição da aliança governista.

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Quem está de olho nesse calendário é o deputado federal Esperidião Amin (PP). Ele diz que só entrega a presidência do partido a Silvio Dreveck (PP), como acertado ano passado, quando Colombo fizer um gesto claro em favor de Merisio e da aliança com o PP. Se não fizer, entra na disputa.