O Sul não é nosso país, mas tem suas peculiaridades quando se fala em disputas eleitorais. Por aqui, os presidenciáveis tucanos têm ficado à frente dos petistas nos segundos turnos desde 2006 – Geraldo Alckmin contra a Lula, José Serra e Aécio Neves contra Dilma Rousseff. Com cerca de 15% do eleitorado, a região é importante para a largada de qualquer nome do PSDB que entre na disputa pelo Planalto.
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No entanto, o Datafolha do final de semana traz uma incógnita para os tucanos no mapa do Sul brasileiro. Quando os números da pesquisa são destrinchados por região, Alckmin tem entre os sulistas um desempenho abaixo de sua média nacional – já aquém do esperado para uma candidatura do partido.
Nos seis cenários sem a presença do ex-presidente Lula (PT) – ou seja, os que valem -, o tucano alcança somente 4% dos votos. Chega a empatar tecnicamente com o impopularíssimo presidente Michel Temer (PMDB), que chega a 3% em um dos cenários.
A culpa tem nome, rosto e endereço. É o senador paranaense Álvaro Dias, pré-candidato a presidente pelo Podemos. Alcança entre 14% e 16% do eleitorado quando computados apenas Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Fica em segundo lugar, empatado tecnicamente com Jair Bolsonaro (PSL). Esse desempenho acima da curva faz com que chegue a 4% ou 5% no cenário nacionalizado. Como Alckmin transita entre 7% e 8%, podem estar aí os percentuais que faltam para que ele consolide como o candidato da centro-direita que almeja ser. É bom lembrar que Álvaro Dias passou boa parte de sua carreira política no PSDB e vem despindo as plumas nos últimos quatro anos, com uma breve passagem pelo PV antes de aportar no Podemos, ex-PTN.
Na equação para viabilizar Alckmin, a composição com Dias deve entrar no pacote. O Sul não garante vitória, mas será imprescindível para a chegada ao segundo turno de uma disputa que, por enquanto, promete múltiplas candidaturas. Na hora da composição dos palanques locais, Alckmin pode esvaziar o paranaense, mas até agora não entrou com força nesse jogo.
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Fenômeno semelhante acontece no campo das esquerdas com a candidatura de Manuela D’Ávila. A deputada estadual gaúcha, presidenciável do PCdoB, não passa de 3% nos cenários da pesquisa Datafolha. Quando colocados apenas os Estados do Sul, consegue chegar a 7%. A parlamentar comunista fica ligeiramente à frente de Ciro Gomes (PDT) e bem mais consistente que as opções petistas Fernando Haddad e Jacques Wagner. Nesse caso, no entanto, o voto da pré-candidata do PCdoB parece mais reserva de mercado do eleitorado lulista que ainda aguarda a indicação do ex-presidente para definir seu destino.
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Ausência de Lula abre uma cratera no cenário pré-eleitoral