A vinda do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) a Criciúma nesta sexta-feira foi anunciada quase despretensiosamente logo que acabou a batalha pesselista pela liderança do partido na Câmara, vencida por ele. De lá para cá, o evento ganhou o peso de uma celebração ao bolsonarismo e deve reunir nomes da política de todo o Estado.

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Em meio à disputa do PSL sobre quem está ou não alinhado política e ideologicamente com o presidente, a vinda de Eduardo a Santa Catarina mobiliza aqueles que querem ser vistos pela militância bolsonarista como fiéis.

Por isso, estarão por lá três dos quatro deputados federais do PSL – Daniel Freitas, de Criciúma, Carolina de Toni, de Chapecó, e Coronel Armando, de Joinville. Da bancada estadual, Ana Campagnolo, Jessé Lopes, Felipe Estêvão e Sargento Lima confirmaram presença. Não foram chamados os nomes considerados mais próximos do governador Carlos Moisés (PSL): o deputado federal Fábio Schiochet e os estaduais Coronel Mocellin e Ricardo Alba – este estará na cidade em evento da Assembleia Legislativa e pode comparecer.

O próprio governador não recebeu convite para ver a palestra de Eduardo Bolsonaro. Em recente entrevista à Veja, Moisés disse que não falaria sobre os filhos do presidente e esperava que eles não falassem dele. Nomes de outros partidos estão confirmados, como o senador Jorginho Mello (PL). A organização ficou por conta da jornalista e advogada Júlia Zanatta, amiga de deputado federal e entusiasta de primeira hora da candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) à presidência. Ela já foi convidada por Jorginho para se filiar ao PL e disputar a eleição em Criciúma.

A organizadora levou pessoalmente o convite para a palestra para o prefeito Clésio Salvaro (PSDB) e o presidente da Câmara de Vereadores, Valmir Dagostin (PP) – extensivo aos demais parlamentares. Há uma expectativa em Criciúma de que Eduardo Bolsonaro lance Júlia Zanatta como pré-candidata a prefeita – seja pelo PSL ou por outra legenda, já que o futuro partidário dos Bolsonaros ainda é uma incógnita. Certo é que em meio à disputa de deputados e lideranças políticas do Estado para ver quem é mais bolsonarista, a jornalista ganhou credenciais com o evento.

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O tema da palestra é “A história do Brasil e o conservadorismo”. A expectativa é em relação ao tom da fala do deputado federal – especialmente por causa da reação negativa à entrevista em que citou o AI-5 (instrumento que suprimiu liberdades civis e políticas durante o regime militar) com possível resposta à radicalização da esquerda. A frase foi enfaticamente condenada por lideranças de vários partidos, entidades e instituições e até pelo próprio presidente Jair Bolsonaro. A reação levou o parlamentar a amenizar o discurso e descartar o uso de instrumento semelhante.

Outra expectativa é em relação a referências ao governo Moisés – que vem se descolando do discurso bolsonarista desde o início do mandato. É possível que na passagem de Eduardo por Santa Catarina e nas companhias que ele privilegiar estejam as pistas – para militantes do 17 e para os demais observadores – de que caminho será trilhado pelo grupo político até as eleições municipais.

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