(Foto: Betina Humeres, DC)
Os acachapantes resultados do primeiro turno deixaram muito claro que a forma de conquista do voto mudou em 2018. Antes pedra fundamental de qualquer vitória política, os programas do horário eleitoral perderam em impacto para as redes sociais e a troca de mensagens no Whatsapp. Quem apostou tudo na televisão, amargou derrotas. Com menos de 10 segundos na tela, mas muita força na internet, os candidatos ligados a Jair Bolsonaro (PSL) viraram a política brasileira do avesso.
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Nesta sexta-feira começa uma espécie de revanche da televisão contra as novas mídias – nem tão novas assim, mas finalmente protagonistas. Na disputa de segundo turno os tempos são iguais – cinco minutos para Bolsonaro e para Fernando Haddad (PT), cinco minutos para Comandante Moisés (PSL) e Gelson Merisio (PSD). As inserções durante a programação serão apenas dos quatro candidatos – e não aquele enxame de gente pedindo voto para os mais variados cargos que se vê em primeiros turnos.
Se a eleição nacional parece praticamente definida em favor de Bolsonaro devido à vantagem e à onda construída em primeiro turno, o cenário estadual ainda oferece condições de disputa entre Merisio e Moisés. A primeira semana após a eleição foi praticamente consumida por uma pouco relevante discussão sobre quem Bolsonaro apoiaria no Estado.
O presidenciável surpreendeu na terça-feira ao anunciar neutralidade, foi pressionado pelas bases locais e mudou a posição. Ontem, em evento para os candidatos do PSL eleitos, no Rio de Janeiro, Bolsonaro anunciou em discurso a revogação da neutralidade. Estavam lá Moisés e os dez parlamentares eleitos pelo partido em Santa Catarina. O partido foi rápido no convencimento, mas a titubeada do capitão presidenciável abre margem para questionamento sobre o vínculo entre as candidaturas que deve ser explorado na televisão e nas redes.
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A volta do horário eleitoral traz um desafio novo a Moisés em sua primeira campanha eleitoral. Até agora ele foi quase um candidato invisível. Amparado pelo número 17 e por um forte desejo da sociedade de desalojar a atual classe política, conquistou uma vaga no segundo turno. Nesta etapa, será confrontado pontualmente sobre todas as questões que envolvem o Estado. O candidato invisível vai ganhar os holofotes – os de sua própria campanha, agora com tempo para apresentações pessoais e de programa, e os que serão acesos pelo adversário em busca de erros e contradições na história do coronel aposentado dos Bombeiros.
É possível que o embate na televisão seja uma tentativa de Merisio apresentar Moisés como alguém que não está pronto para gerenciar a complexa máquina do Estado que pode cair em suas mãos a partir de janeiro. Ao mesmo tempo, o candidato do PSL deve apontar o adversário do PSD como alguém entranhado nas estruturas partidárias e de poder que boa parte da sociedade já demonstrou querer eliminar da vida pública. Como sempre na política, ambos terão boas doses de exagero e razão.