Maior partido de Santa Catarina, o MDB vai viver nas eleições 2020 uma de suas mais desafiadoras disputas no Estado. Desde que foi fundada, a legenda se valeu dos espaços que ocupou nos governos que comandou ou, mais recentemente, de que foi sócio fundador. Quando não estava na gestão estadual, se projetava com líder da oposição. A onda 17 em 2018 mudou essa lógica – hoje os emedebistas não são nem governo e nem o antagonista, são apenas o MDB.

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Não é pouco. A força entranhada no partido em todos os cantos do Estado garante uma largada que impressiona. O MDB tem candidatos a prefeito em 205 dos 295 municípios catarinenses – condição que faz o partido ser favorito, mesmo com todo o desgaste nacional e estadual, a vencer no maior número de cidades em novembro. A desproporção é clara: o segundo partido com mais cabeças-de-chapa é o PP em 120 cidades. Seguem-se o PL (88), o PSD (86), PSDB (82), PT (72) e PSL (50). É a força da tradição.

Uma tradição, no entanto, que cada vez mais se agarra ao histórico de disputas nos pequenos municípios e que acende um sinal de alerta para o futuro do partido. Nas 10 maiores cidades catarinenses, o MDB não tem candidato a prefeito em cinco. Das cidades com segundo turno, apenas Joinville – onde Fernando Krelling está na luta para que a maior cidade do Estado continue em mãos emedebistas após dois mandatos de Udo Döhler (MDB).

Em Florianópolis, a saída do prefeito Gean Loureiro do partido rumo ao DEM criou a inusitada situação de apoio à antiga rival Angela Amin (PP). Que alternativa tinha um partido que chega à eleição da Capital com sem conseguir completar sequer a chapa de candidatos a vereador? A reconstrução está nas mãos do senador Dário Berger (MDB), ex-prefeito de Florianópolis, em uma tarefa que vai além de novembro.

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As 205 cidades em que o MDB tem candidato a prefeito somam 65% do eleitorado catarinense – os demais 35% estão em 90 cidades que não terão candidato de número 15 na urna eletrônica. As vitórias em Joinville e Florianópolis em 2016 ajudaram a mascarar a dificuldade que o partido vem enfrentando para se renovar nos maiores municípios. A força nas pequenas cidades é um valor e um orgulho para o MDB, mas para voltar a governar Santa Catarina não basta ser o partido dos rincões.

A volta de Dirce 

Júlio Garcia cumprimenta Dirce Heiderschedt após a posse como deputada estadual
Júlio Garcia cumprimenta Dirce Heiderschedt após a posse como deputada estadual (Foto: Bruno Collaço, Agência AL/Divulgação)

Dirce Heiderscheidt (MDB) está de volta à Assembleia Legislativa. Primeira suplente da coligação MDB/PSDB, ela tomou posse na quarta-feira com a licença de Fernando Krelling (MDB) – que vai se dedicar à candidatura a prefeito de Joinville. Com dois mandatos no parlamento estadual, ela foi muito saudada pelos colegas – especialmente pelo presidente Júlio Garcia (PSD), que disse esperar que ela continue para além dos dois meses de licença. Para isso, Krelling teria que vencer Darci de Matos, do PSD de Júlio. Ou, talvez, quem sabe, um deputado do MDB virar secretário estadual…

Chumbo trocado

Julio Garcia foi contundente ao romper o silêncio sobre a denúncia da Operação Alcatraz com um longo discurso no plenário da Alesc na terça-feira. Rebateu as acusações do MPF que o colocar no epicentro de uma suposta quadrilha que lesava o Estado em licitações durante dos governos de Raimundo Colombo (PSD) e listou diversas operações com participação da instituição em Santa Catarina e que não deram em nada por falta de provas, com ênfase especial na investigação sobre a UFSC que resultou no suicidio do reitor Luiz Carlos Cancellier.

Suporte

Impressionou o endosso que os deputados estaduais deram ao presidente da Casa. Seu discurso foi seguido por uma série de comentários com elogios e manifestações de confiança no pessedista. Foram 14 parlamentares, de 10 partidos diferentes, na fila dos apartes. Em maio do ano passado, quando foi deflagrada a Alcatraz, Júlio também foi ao plenário manifestar inocência. Na época, foi aparteado por 11 colegas, de oito partidos. Das 13 legendas representadas na Alesc, apenas PT, Novo e PCdoB não estão na lista.

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Frase da semana

O fardo fica muito mais leve quando dividido entre os 40. A confiança continua ainda mais forte.

Valdir Cobalchini (MDB), deputado estadual, em aparte ao discurso de Júlio Garcia, resume abraço que o plenário da Alesc deu em seu presidente.

Em Criciúma

O deputado estadual Felipe Estevão (PSL), criciumense de nascimento e eleitor em Laguna, gravou vídeo de apoio à reeleição de Clésio Salvaro (PSDB) em Criciúma. Ignorou a candidata bolsonarista Júlia Zanatta (PL), que tem Alisson Pires (PSL) como vice. Por sua vez, o deputado estadual Jessé Lopes (PSL) diz que votará nela. Enquanto isso, o deputado federal Daniel Freitas (PSL) ainda não se manifestou. Todo mundo pensando – e fazendo conta – sobre 2022.

Concisas

– O bolsonarista talvez estranhe no começo o apoio do senador Renan Calheiros (MDB), mas logo acostuma. Os tucanos e os petistas também estranharam no início.

– A coluna manda um abraço ao povo de Roraima, que não reelegeu Romero Jucá (MDB). A esta altura, já seria líder do governo no Senado.

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