Venho do futuro e trago notícias: o candidato a governador do PMDB não será escolhido nas prévias do partido marcadas para 17 de março. Pré-candidato único da legenda até agora, o deputado federal Mauro Mariani tentou um gesto de força e emparedar possíveis adversários ao forçar junto à executiva peemedebista a realização de uma disputa interna ainda em março que dificilmente será concretizada.

Continua depois da publicidade

Na prática, Mariani tenta fulminar a possível pré-candidatura do prefeito joinvilense Udo Döhler, que precisa renunciar à prefeitura em abril para poder concorrer ao governo estadual. A prévia em março garantiria a possibilidade de manter o mandato em Joinville em caso de insucesso. No entanto, a disputa pelos delegados peemedebistas é um cenário que Döhler sempre deixou claro que quer evitar. Ainda na noite de segunda-feira, o prefeito disse que vai refletir sobre a inscrição e não descartou participar.

O alvo colateral da prévia de Mariani é o vice-governador Eduardo Pinho Moreira, cada vez mais convincente no papel de “governador de fato” que o titular Raimundo Colombo (PSD) tem permitido que ele desempenhe. Nesse caso, a data que importa é o limite da inscrição para a prévia: 2 de fevereiro. É cedo demais para quem precisa da caneta de governador na mão – pela licença e pela renúncia de Colombo, em fevereiro e abril – para viabilizar-se candidato.

Mariani enxergou seus dois alvos e deu um único tiro. Na reunião da executiva do partido, ele precisou insistir para ter a tese da prévia aceita pelos demais caciques – Pinho Moreira, os ex-governadores Paulo Afonso e Casildo Maldaner e o senador Dário Berger tentaram convencê-lo de que a oficialização da disputa interna pode fragilizar sua pré-candidatura. Mariani disse estar cansado de desviar de cascas de banana, no que tem razão. Há meses convive com a sombra de um Döhler que seria o nome da reaglutinação da aliança com o PSD, quiçá o PSDB. Agora, tem o fantasma do futuro governador Pinho Moreira a assombrar sua candidatura.

Ao seu estilo, Mariani paga para ver. Sabe que o vice-governador não vai se inscrever – de olho na convenção, em agosto – e que a disputa em março só acontece se Döhler aceitar o chamado. Hipótese remota, embora a política sempre possa desmentir até quem vem do futuro.

Continua depois da publicidade