Se Luiz Henrique da Silveira estivesse vivo, todos diríamos que o apoio do governador Eduardo Pinho Moreira à pré-candidatura do deputado federal Mauro Mariani ao governo era mais uma de suas bem-sucedidas articulações políticas para unir o MDB — mesmo que não fosse. Como LHS não está mais entre nós, ainda estamos tentando entender a desistência do governador em disputar a reeleição.

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A decisão pegou de surpresa até mesmo os mais próximos correligionários, mas reflete inúmeros fatores que ficaram claros nas últimas semanas e que se concretizaram no discurso de Pinho Moreira às lideranças emedebistas na manhã de segunda-feira. Ele relatou a incompatibilidade de gerir um Estado em crise financeira e a agenda da pré-candidato. A greve dos caminhoneiros promoveu um baque na arrecadação, é um dado da realidade.

No entanto, esse dado já estava posto na semana anterior, quando Pinho Moreira avançou sobre o PSDB na tentativa de consolidar uma aliança. O governador sabia que somente um fato político de expressão poderia sensibilizar Mauro Mariani a retirar sua pré-candidatura. Partiu para o tudo ou nada com os tucanos e voltou com a impressão de que se eles abrirem mão da pré-candidatura do senador Paulo Bauer não será para abraçar os emedebistas.

Sem o fato político contundente para apresentar, com a máquina administrativa com pouco fôlego, Pinho Moreira saiu do tabuleiro – premiando a persistência de Mariani. Pela segunda vez — a primeira foi em julho do ano passado quando foi oficializado pré-candidato único —, o deputado federal ganha o cheque em branco para negociar seu palanque. Os emedebistas já têm o PTB e negociam com o PPS de Carmen Zanotto e o PR de Jorginho Mello – este quer uma das vaga ao Senado e que o MDB não preencha a outra. A disposição do ex-governador Paulo Afonso Vieira e do deputado federal Valdir Colatto de disputarem o cargo praticamente fecha essa porta se a condição for inegociável.

Lembrei de Luiz Henrique no começo. Muitas das articulações atribuídas ao líder emedebista morto em 2015 ele foram costuradas pelo ex-deputado estadual Júlio Garcia, líder do bloco anti-Gelson Merisio no PSD. Semana passada, ele tomava café com os tucanos Marcos Vieira e Gilmar Knaesel no Centro de Florianópolis. Pelo que se ouviu ali, talvez Esperidião Amin consiga levar para o PP aquele fato político que Pinho Moreira não conseguiu apresentar na segunda-feira.

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