Beneficiário maior da onda de mudança da eleição do ano passado, o PSL ainda é um dado a ser decifrado no dia a dia da atuação de suas lideranças com mandato, nas relação com a heterogênea base de militantes e o desempenho dos governos Jair Bolsonaro e Carlos Moisés. São variáveis que tornam a legenda – que passou de nanica a protagonista em questão de meses – um caso inédito na política brasileira e catarinense.
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Se em 2018, a bordo do votação de Bolsonaro, o PSL conseguiu eleger nomes praticamente desconhecidos para o governo estadual, Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa, ainda é difícil saber de que forma o fenômeno pode se repetir ano que vem. Eleição municipal é diferente, os candidatos são mais próximos dos eleitor – o apelo a votar no desconhecido contra o de sempre será menor, mas em algum grau à rejeição à política tradicional terá peso.
É daí que vem um dos principais conflitos do PSL, especialmente aqui em Santa Catarina, para as eleições do ano que vem. Os eleitos tentam conduzir com algumas doses de pragmatismo a consolidação do partido nas eleições do ano que vem. O governador Carlos Moisés faz essa condução, mas a indicação do deputado federal Fábio Schiochet para a presidência estadual deu força a esse estilo pragmático. O novo presidente defende a filiação de prefeitos bem avaliados para disputar a eleição do ano que vem, assim como a de lideranças com candidaturas bem encaminhadas.
No entanto, a base da militância pesselista, que fez campanha por Bolsonaro em 2018 e contribuiu para a eleição dos mandatários estaduais, tem rejeitado essas importações de lideranças. Em cada município, células do PSL parecem enxergar em 2020 a sua vez de serem catapultadas do desconhecimento ao poder através dos poderes mágicos do número 17.
Essa divergência interna foi verificada em alguns episódios este ano – o caso mais recente foi o flerte do PSL com o prefeito de Tubarão, Joares Ponticelli (PP). Ficou o dito pelo não dito, mas o convite houve. Em Palhoça, o favoritismo de Ivon de Souza para a disputa do ano que vem não foi suficiente para que ele caísse nas graças de parte dos pesselistas locais. Neste caso, o PSL estadual agiu, entregando a ele o comando do partido. Em Balneário Camboriú, situação semelhante atingiu a competitiva pré-candidatura do coronel Evaldo Hoffmann. Teremos outros casos até as eleições do ano que vem.
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