Ao indicar Lucas Esmeraldino e Douglas Borba para o secretariado no final da tarde de sexta-feira, o governador eleito Carlos Moisés da Silva (PSL) equalizou a futura gestão e a campanha eleitoral. Presidente estadual do PSL e candidato a senador derrotado por um punhado de votos, Esmeraldino era o capitão do time eleitoral do partido de Jair Bolsonaro em Santa Catarina, enquanto Borba atuava com uma espécie de assessor direto e de marketing do então candidato a governador.
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Assim, com Esmeraldino na Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável e o Borba na Casa Civil, o PSL – enfim – ganha espaço na gestão do governador que ajudou a eleger. O segundo ainda está formalmente filiado ao PP, partido em que se elegeu vereador em Biguaçu, mas é pesselista na prática. Havia uma apreensão em parte do partido, especialmente após a retumbante vitória de Moisés no segundo turno, quando o eleito pediu aos correligionários um tempo para mergulhar na máquina junto. Na equipe de transição, uma equipe técnica, não havia nomes do partido.
Com o tempo, o governador foi acalmando os parlamentares eleitos e integrantes da campanha. Mas houve certo mal-estar quando a primeira leva de indicações do secretariado contou com dois oficiais militares e dois secretários do atual governo de Eduardo Pinho Moreira (MDB) e nenhum colega. Questão saneada, pelo menos em parte, na sexta-feira.
A missão do PSL, especialmente em Santa Catarina onde elegeu governador e bancadas parlamentares de peso, é muito maior do que ocupar espaços na máquina. O partido tem totais condições de conquistar uma espaço cativo na sociedade catarinense, renovando a tradição conservadora do Estado que já foi representada por partidos como UDN, Arena, PDS e PFL. Os sucessores desses partidos foram perdendo a liga, envelhecendo, dificultaram as sucessões internas. Na urna, o catarinense conservador deu uma chance ao novo via o 17 de PSL – mesmo em muitos casos desconhecendo quem estava elegendo.
O PSL é uma casa construída a partir do telhado. O partido praticamente não existia até março e hoje tem o que muitas legendas levaram gerações para conquistar. Para dar consistência e futuro ao êxito eleitoral deste ano, precisará construir o resto da casa. A eleição municipal é que dará verdadeira base ao partido e não são poucos os catarinenses nas cidades – pequenas, médias, grandes – dispostos a participar dessa construção.
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