A vitória do candidato democrata Joe Biden nas eleições americanas deu início a um debate sobre o perfil da candidatura que poderia enfrentar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em 2022. Nos Estados Unidos, a vitória do republicano Donald Trump em 2016 foi a inspiração para o brasileiro em seu sonho de chegar ao Planalto, além de dar ao mundo um sinal de que havia espaço para candidatos que enfrentassem o politicamente correto com doses exageradas de autenticidade.
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A vitória do moderado Biden seria uma nova a indicação, a do modelo que deve ser apresentado ao eleitor para vencer disputas que muitas vezes apelam ao irracional. Começou, assim, uma busca pelos perfil e nomes da política brasileira que poderiam encarnar o figurino da chapa de Biden e da senadora Kamala Harris. Claro que essa busca não é ao pé da letra, porque uma versão brasileira da dupla Biden/Kamala seria algo como se fosse lançada uma chapa com Geraldo Alckmin (PSDB) presidente e Marina Silva (Rede) de vice. Um convite ao insucesso eleitoral.
Quem deseja derrotar Bolsonaro em 2022 precisa olhar para o que dizem as eleições americanas, mas sem descuidar das lógicas políticas do Brasil. No domingo, os brasileiros vão às urnas escolher 5.560 prefeitos e milhares de vereadores. As disputas nos municípios são marcadas pelos temas locais, mas não são imunes ao sentimento nacional. Será um teste importante para a averiguação da continuidade da onda conservadora de 2018, a força do apoio de Bolsonaro a seus apoiadores locais e o surgimentos de novas lideranças – em todos os campos.
O sistema eleitoral americano, com dois partidos historicamente consolidados e prévias que não apenas definem as candidaturas, mas também servem para nacionalizar nomes antes da campanha propriamente dita, é irrepetível no Brasil. Aqui, temos à frente da oposição o desgastado PT, que dificilmente cederia posição para nomes mais moderados de outros partidos. Ao mesmo tempo, a possibilidade do apresentador Luciano Huck e o juiz aposentado Sérgio Moro se reunirem em uma chapa não pode ser visto como frente ampla, pela dificuldade do eleitor de esquerda em endossá-la.
Não gosto de falsas simetrias, mas se tem algo em que bolsonaristas e petistas se parecem mesmo é na mania de acharem que falam em nome do povo. O povo fala na urna. Quem é esperto, escuta. Quem não é esperto, reclama do povo. O burro acha que aquilo que o povo disse continua igual até a próxima eleição. Neste domingo o brasileiro vai falar, assim como semana passada falaram os americanos.
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Escrevendo o nome

Com pouco mais de duas semanas à frente do Estado, a governadora Daniela Reinehr (sem partido) tentar deixar sua marca. Fez uma série de visitas por Joinville, Jaraguá do Sul e Guaramirim, onde inaugurou o Cedup Perfeito Manoel de Aguiar (foto). Deixou boa impressão, especialmente por indicar continuação das ações do governador afastado Carlos Moisés (PSL). Especialmente em Joinville, onde o governo acertou parceria com a Acij para que a entidade banque projetos de obras estruturais na cidade. Daniela endossou a ideia e saiu bem com os empresários joinvilenses.
Governo das redes
Daniela Reinehr tenta se mostrar presente no interior do Estado e próxima a entidades da sociedade civil, em contraposição a Carlos Moisés – frequentemente acusado de se isolar na Casa d’Agronômica. Mas, até agora, o governo interino de Daniela tem se caracterizado pela busca de respaldo através de imagens para as redes sociais. Em Brasília, semana passada, fez de tudo para voltar com um vídeo de apoio do presidente Jair Bolsonaro. Consegui uma fala protocolar do presidente. Em entrevista ao jornalista Marcelo Lula, Bolsonaro afirmou não ter participado de articulações para que ela fosse preservada no processo de impeachment.
Tímido fora delas
Apesar do esforço de Daniela para ser vista como governadora e aparentar respaldo político, o clima ainda é como se Carlos Moisés estivesse de férias. A governadora interina fez mudanças na Casa Civil, mas continua na prática governando com o secretariado do governador afastado. Tentou – e ainda tenta – um nome de peso para a Secretaria da Saúde, ainda sem sucesso. Não conseguiu ainda criar uma relação com a Assembleia Legislativa, mas sequer conseguiu um deputado para ser líder do governo.
Frase da semana
Confesso que sofria dessa carência de ter um contato com o governo do Estado, coisa que passo a ter oficialmente contigo a partir de agora.
Jair Bolsonaro, em vídeo ao lado de Daniela Reinehr para as redes sociais.
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Tem que ver isso daí

O campanha eleitoral invadiu as lives semanais do presidente Jair Bolsonaro, que diretamente da biblioteca do Palácio do Planalto indica seus candidatos preferidos a vereador e prefeito em diversas cidades pelo Brasil. Parece um quadro de humor – ainda mais quando ele peca na geografia e coloca a catarinense Criciúma no Paraná. A averiguar o resultado do endosso presidencial nas urnas.
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