Correção: O colunista errou. Mesmo se forem validados os votos de João Rodrigues (PSD), a vaga continua com o novo. Leia a correção completa.

Continua depois da publicidade

A eleição catarinense deste domingo trouxe uma contradição eloquente. Estreante nas urnas do Estado, o Novo conseguiu surpreender e conquistar uma improvável vaga na Câmara dos Deputados com Gilson Marques, de Pomerode. Ao mesmo tempo, ainda precisa torcer para que o deputado federal João Rodrigues (PSD) não consiga reverter no Supremo Tribunal Federal (STF) a condenação que levou ao indeferimento de sua candidatura pela Justiça Eleitoral.

Se o pessedista tiver sucesso, ele é reeleito e seus 67,9 mil passam a ser considerados válidos para a legenda da coligação PSD/PP/PV, que conquista a cadeira que agora está com Marques – eleito com 27,4 mil votos. Rodrigues pede no STF que seja considerado prescrito o processo em que foi condenado por irregularidades na compra de uma retroescavadeira quando era prefeito interino de Pinhalzinho nos anos 1990.

De qualquer forma, é interessante observar como se construiu a conquista da vaga do Novo entre os deputados federais catarinenses – a bancada nacional do partido terá oito membro. Essa cadeira de Santa Catarina foi possível graças a uma mudança na forma de calcular as vagas que cabem a cada partido implantada nas eleições deste ano. Pela primeira vez, partidos que não alcançaram o quociente eleitoral puderam disputar a sobra das vagas.

A vitória de Gilson Marques é explicada na calculadora. Com 27,4 mil votos, ele recebeu a menor votação entre os eleitos – seis vezes menos do que o campeão de votos Hélio Costa (PRB). A soma dos candidatos do Novo foi 187.440, menos do que os 221.778 necessários para ultrapassar o quociente eleitoral.

Continua depois da publicidade

Na montagem da nova bancada catarinense, as coligações ou partidos isolados tem seus votos totais divididos por esse quociente para definição das cadeiras. Mas essa conta preencheu apenas 12 das 16 vagas em disputa. As remanescentes são preenchidas com outra conta: divide-se o número de votos do partido ou coligação pelo de cadeiras que conquistou mais um. Quem tiver o maior número, fica com a vaga da sobra.

Pela primeira vez, a legislação eleitoral permitiu que os partidos/coligações que não alcançaram o quociente pudessem participar deste repescagem. Dessa forma, o Novo ficou com a 16a e última vaga catarinense. Garantida a vaga, o Novo precisava que seu candidato mais votado fizesse pelo menos 10% do quociente com votos próprios. Gilson Marques conseguiu passar com cerca de cinco mil votos por essa barreira.

A improvável vitória do Novo premia a estratégia de lançar candidatos apenas para a Câmara dos Deputados. O partido se destacou no voto de legenda e apresentou votação uniforme entre seus postulantes. Em sua estreia, o Novo faz o que muito partido consolidado nunca alcançou: a vaga de federal.