Brasília e Florianópolis estarão alinhadas nesta virada de ano para o começo de novas eras políticas. As posses de Jair Bolsonaro na Presidência da República e de Carlos Moisés da Silva no governo do Estado, ambos filiados ao PSL, marcam uma guinada conservadora e com tons de antipolítica promovida pelos eleitores nas urnas. Em diferentes graus, foi um apelo por ruptura – e ela começa agora.
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As diferenças de estilo entre Bolsonaro e Moisés ficaram claras no período de transição de governos, mas tende a ficar ainda mais nítida em seus mandatos. Fator aproximador entre ambos, o PSL, ainda precisa consolidar-se na prática como um verdadeiro partido político e não apenas um número beneficiado por uma onda eleitoral. Esse desafio está nas mãos dos eleitos e dos dirigentes, que devem aproveitar o momento para construir as bases municipais que podem fazer dos pesselistas os sucessores de antigas legendas conservadoras da história brasileira, como a UDN, a Arena, o PDS e o PFL. Terão trabalho pela frente, mas há muitos brasileiros dispostos a ajudar nessa construção – que começou pelo mais difícil, os mandatos.
Essa consolidação da onda conservadora na arena política depende diretamente do sucesso de Bolsonaro e Moisés. E nisso os estilos também são diferentes. O presidente que toma posse neste dia 1º não deu um dia de folga à polarização que protagoniza com a esquerda. Criticou e rebateu críticas, provocou e não deixou provação sem resposta, manteve esticada a corda do debate com lideranças do PT e outros partidos do campo.
Moisés, por sua vez, faz o estilo conciliador e discreto. Também usa as redes sociais para diálogo direto, mas não diariamente como Bolsonaro. Às críticas que recebe, reage com silêncio e discrição. Ao chamar os deputados eleitos para conversar, não vetou nem os adversários eleitorais do PSD e nem os antípodas ideológicos do PT.
A comparação entre o ministério de Bolsonaro e o secretariado de Moisés também explicita as diferenças de estilo. O presidente tem dois superministros com carta branca. Na Economia, Paulo Guedes tem a admiração do mercado. Na Justiça, Sérgio Moro atende ao anseio da maior parte do eleitorado por combate firme à corrupção. Em outros postos, Bolsonaro traz nomes das Forças Armadas e a ala político-ideológica do governo – incluindo aí a articulação política de Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e a fala olavocarvalhiana de Ricardo Vélez Rodriguez, da Educação. São estes que vão manter acesa a polarização com a esquerda, importante para manter cativo o público conquistado nos últimos anos por Bolsonaro.
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O secretariado de Moisés é mais discreto. Não tem um Guedes ou um Moro local – os que mais se aproximam disso talvez sejam o semiemedebista Paulo Eli na Fazenda e o coronel Araújo Gomes, mantido no comando da Polícia Militar e titular da Secretaria de Segurança no primeiro ano de mandato, nesse novo modelo de administração colegiada. Nas demais pastas, oficiais da PM e dos Bombeiros, os “colegas de farda”, como diz o governador, e nomes de perfil técnico, tão discretos quanto o chefe.