A história política de Santa Catarina ensina a nunca duvidar de reviravoltas e composições partidárias de última hora. É nessa expectativa que estão sendo vividos os últimos dias antes do prazo final das convenções, dia 5, nesta eleição que tem tudo para ficar conhecida como a disputa das atas abertas. A dúvida que fica é se existe margem para alquimia e alquimistas talentosos o suficiente para colocá-las em prática.
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Primeiro candidato a governador homologado entre os principais partidos, Gelson Merisio (PSD) abriu uma nova frente de conversas ao dizer, ainda no sábado, que aceitaria conversar com o PSDB do também candidato homologado Paulo Bauer – desde que fosse para zerar o jogo, sem imposições de um ou outro. O clima entre os pessedistas é de quem foi abandonado no altar desde que Esperidião Amin confirmou na convenção do PP sua candidatura ao governo – dando fim às negociações dos últimos quatro anos para aliança entre os dois partidos.
A primeira conversa entre Merisio e Bauer aconteceu ontem à tarde. Outras devem ser realizadas ao longo da semana. Há margem para composição de uma chapa que também contemple o ex-governador Raimundo Colombo (PSD) e o ex-prefeito blumenauense Napoleão Bernardes (PSDB), hoje candidatos ao Senado.
Principal alquimista político ainda em atividade no Estado, o ex-deputado estadual Júlio Garcia está no jogo. Depois de meses afastados, ele e Merisio retomaram o diálogo em busca da ampliação da aliança pessedista. As conversas entre PSDB e PSD parecem ser a única margem para uma composição de última hora na eleição catarinense deste ano.
Na tarde de ontem, circulou pelos whatsapps de políticos e militantes a informação de que Garcia poderia ser vice de Mauro Mariani – que teria a candidatura a governador homologada pelo MDB na convenção do partido no sábado. Os emedebistas abrem um sorriso para o rumor, mas sabem que as chances são mínimas. O afastamento dos partidos após três mandatos como sócios nos governos de Luiz Henrique e Colombo deixou cicatrizes ainda sendo assimiladas. O período de Eduardo Pinho Moreira como governador, desde fevereiro, aprofundou esse sentimento – o ex-governador pessedista avalia que há exagero nas reclamações dos antigos aliados sobre o estados das contas estaduais.
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Mesmo assim, entre pessedistas, há quem garanta que o clima após a candidatura Amin faz com que essa reaproximação não possa ser descartada.
— O PSD tem uma ex de quem já conhece as manias e os defeitos. Tem uma noiva que o abandonou no altar. E tem esse flerte novo que é o PSDB — brinca o pessedista.
Como disse no começo do texto, as eleições catarinenses sempre deixam espaço para surpresas de última hora. A novidade este ano é que nem as convenções encerram as negociações.
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