Um clichê da política, não menos verdadeiro por ser clichê, diz que não existe vácuo no poder. Onde houver espaço vago, será ocupado. Esse conceito é inescapável quando percebe-se movimentações como essa que aconteceu no último sábado com o segundo encontro dos governadores dos Estados do Sul e do Sudeste. A ampla pauta de convergências teve como ponto principal, mais uma vez, a defesa da reforma da previdência.
Continua depois da publicidade
Aprovada na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados e pronta para ser analisada no mérito por grupo de 49 parlamentares – os catarinenses Daniel Freitas (PSL) e Darci de Matos (PSD) entre os titulares, Pedro Uczai (PT) como suplente – a reforma previdenciária tem como principais interessados o Palácio do Planalto e ministro da Fazenda, Paulo Guedes. Na prática, os erráticos movimentos dos primeiros meses de Jair Bolsonaro (PSL) no poder colocam em dúvida essa vontade presidencial de matar ou morrer pela proposta.
É nesse vácuo que parece surgir um grupo como o Cosud – Consórcio de Integração Sul e Sudeste – e seu segundo encontro, que teve o paulista João Dória (PSDB) como anfitrião. O catarinense Carlos Moisés (PSL) estava lá, hipotecando apoio à reforma previdenciária e tentando pautar também a guerra fiscal entre os Estado. O pesselista falou em garantir que os Estados que estão mais avançados nas discussões previdenciárias não sejam prejudicados – referência às mudanças feitas por aqui em 2015 – e defendeu que o socorro às finanças estaduais caminhe paralelamente no Congresso à reforma de Guedes. Cobrança que tem feito em outros fóruns.
Mas o que chama atenção o Cosud, além da pauta e da agenda, é a aparente tentativa de dar voz nacional aos representantes estaduais – especialmente Dória. O tucano montou um secretariado com perfil de ministério – o ex-ministro e ex-presidenciável Henrique Meirelles (PSD), presente do encontro, à frente – e vai aproveitar cada janela de visibilidade nacional que surgir.
Vamos conversar?
Respondo perguntas hoje no instagram @upiaraboschi a partir das 14h. Na segunda-feira passada, respondi 107 questões enviadas pelos seguidores.
Continua depois da publicidade
Minimizou
Secretário da Fazenda, Paulo Eli fez contato para minimizar as poucas contrapartidas exigidas das companhias aéreas para concessão de benefícios fiscais no querosene de aviação – tema da coluna de fim de semana e do projeto de lei governamental que tramita na Assembleia Legislativa. A proposta prevê alíquota de 7% para as companhias que operarem em seis aeroportos e de 12% para quem utilizar quatro bases – a alíquota padrão seria 17%. Paulo Eli afirma que essas exigências extras podem entrar posteriormente por decreto
Comprou a briga
Presidente da Comissão de Turismo, o deputado estadual Ivan Naatz (PV) engrossou o coro dos que defendem que o governo exija número mínimo de decolagens e de voos internacionais entre os condicionantes, como fazem outros Estados. Da forma como está, apenas uma companhia consegue o benefício máximo – por ser a única que consegue pousar em Lages.