Dois trunfos fizeram com que o quase desconhecido Comandante Carlos Moisés da Silva (PSL) passasse de mero figurante da campanha eleitoral para governador a favorito no segundo turno da disputa: o apoio oficial de Jair Bolsonaro (PSL) e a condição de nome fora da política tradicional.
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O primeiro trunfo ele perdeu em parte no início da tarde de ontem, quando o presidenciável anunciou em entrevista que ficará neutro na disputa entre o correligionário e o deputado estadual Gelson Merisio (PSD) pelo cargo de governador. Houve comemoração no almoço da bancada estadual do PSD – quebrado o clima de consternação que toma conta da Assembleia pela derrota de 11 parlamentares que tentavam a reeleição.
Bolsonaro alegou que a neutralidade é uma posição de respeito aos eleitores do Estado que lhe deu a maior votação proporcional do país, 65%, e que será disputado por dois candidatos que lhe deram apoio no primeiro turno. Nem citou o nome de Moisés da Silva, tratado como “um comandante que foi para o segundo turno”.
Rapidamente, o candidato do PSL tratou de minimizar a decisão. Reforçou que representa renovação política e que não é hora de “mudar pela metade”. Ressaltou, ainda, que a campanha estadual do PSL não depende apenas do presidenciável. Enquanto isso, Merisio disse acreditar que Bolsonaro é o melhor nome para o Brasil, mas que “a discussão sobre o melhor para Santa Catarina deve ser feita em Santa Catarina”.
Há diversas especulações sobre os motivos que levaram Bolsonaro à neutralidade do Estado. Uma delas é de que o presidenciável do PSL, de olho na governabilidade com um Congresso extremamente fragmentado, começou a fazer política. O PSD de Merisio e o PP de Esperidião Amin, senador eleito, estariam na mira do capitão reformado – assim como os demais integrantes do chamado centrão. Amigo e ex-colega de partido do presidenciável, Amin entrou em contato para tratar da neutralidade.
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Há quem brinque – eu, inclusive – que talvez o pepista não tivesse se elegido senador se Bolsonaro não o tivesse citado com carinho em sua primeira fala nas redes sociais após o atentado em Juiz de Fora. Esse tipo de ligação e proximidade ele nunca demonstrou com os representantes estaduais do PSL – escolhidos no início do ano após as negativas dos deputados federais Rogério Peninha e Valdir Colatto, do MDB, em assumir o partido no Estado.
Embora Moisés tenha colocado panos quentes sobre a declaração de Bolsonaro, parte de seus apoiadores ficou revoltada com a postura do presidenciável. Em mensagens de Whatsapp, o tenente-coronel Marlon Teza – ex-presidente da Acors, associação do oficiais da PM – chegou a falar em deixar de apoiar Bolsonaro caso ele não reveja a neutralidade até “os jornais do início da noite”. Caso contrário, “em vez de ganhar voto, perderia voto”.
A Onda Bolsonaro colocou o PSL no mapa político do Estado com quatro deputados federais, seis estaduais e a vaga de Moisés no segundo turno. Essa condição fez dele favorito para a disputa. Com o gesto do presidenciável, Merisio ganhou a chance de equilibrar a briga.