Não se espante se até domingo alguém aparecer com um exame de DNA para provar com quem realmente está o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) em Santa Catarina. A expectativa de que o deputado federal e capitão da reserva faça uma votação recorde no Estado leva diversos candidatos locais a tentarem surfar essa onda – que promete ser maior do que as de 2002 e 2014, que levaram o petista Lula e tucano Aécio Neves a terem entre os catarinenses seus melhores resultados proporcional do país entre os catarinenses.

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No debate de terça-feira na NSC TV, essa questão ficou clara. Neobolsonarista, Gelson Merisio (PSD) usou sua primeira pergunta para frisar seu voto no candidato do PSL e questionar o adversário Mauro Mariani (MDB) a antecipar quem apoiaria em um segundo turno. Mariani fugiu da resposta, elogiou o presidenciável emedebista Henrique Meirelles e disse que segundo turno se discute no segundo turno. Mas não deixou barato: lembrou que sua aliança é de centro-direita e que o pessedista tem partidos de esquerda em sua composição. Chamou Merisio de “biruta de aeroporto”, lembrando o apelido que Leonel Brizola deu a Esperidião Amin nos anos 1980 acusando-o jocosamente de mudar de lado ao sabor dos ventos.

A pecha de oportunista é o que os candidatos do PSL tentam colar sobre Merisio. No debate, Comandante Moisés (PSL) não poupou esforços para apresentar-se como único nome apoiado por Bolsonaro em Santa Catarina. O apelo já faz parte do pouco tempo de propaganda eleitoral, mas a exposição em horário nobre na noite de ontem fez explodir as buscas no Google pelo nome do candidato.

Para tentar desfazer a questão, o candidato a senador Lucas Esmeraldino (PSL) foi até o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidenciável, para gravar um vídeo em que enfatiza a vinculação. O parlamentar diz que muitas vezes pessoas de outros partidos tentam se passar por representantes do PSL ou da família Bolsonaro “para ganhos não muito republicanos”.

O vídeo ajuda Moisés, mas também é um reforço a Esmeraldino, ainda empacado nas pesquisas. No caso dele, quem tenta surfar a onda Bolsonaro é o adversário Jorginho Mello (PR). No início do ano, ele chegou a apostar em uma aliança formal de Bolsonaro com o PR, de quem queria o senador Magno Malta (PR-ES) como candidato a vice-presidente. Assim, Jorginho esperava ser o candidato do presidenciável ao governo ou ao Senado. O acordo não saiu, mas nos últimos dias Jorginho abriu seu voto em Bolsonaro e tem levado o tema aos programas eleitorais. Ele aproveita um vídeo em que o candidato do PSL elogia Malta, a quem chama de “vice de honra”, e emenda com o apoio do senador capixaba a sua candidatura.

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Os últimos dias de propaganda eleitoral e a exposição no debate da NSC TV devem ser fundamentais para a decisão do eleitor bolsonarista de Santa Catarina. O eventual crescimento de Moisés e Esmeraldino mexe com a correlação de forças, com efeitos imprevisíveis. Se a onda Bolsonaro virar onda 17, o PSL pode conquistar uma vaga entre os 16 deputados federais de Santa Catarina e duas cadeiras na Assembleia Legislativa.