Na luta para sobreviver ao processo de impeachment contra ela e o governador Carlos Moisés (PSL), a vice-governadora Daniela Reinehr (sem partido) resolveu atacar o presidente da Assembleia Legislativa, Júlio Garcia (PSD). Em ação judicial assinada pela advogada Karina Kufa, ela relaciona o possível afastamento de ambos à suposta intenção do deputado estadual de assumir o governo do Estado para tirar as decisões da Operação Alcatraz, em que está indiciado, das mãos da juíza federal Janaína Cassol.
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Em nova investida judicial para ser excluída do processo de impeachment, na sexta-feira a vice-governadora entrou com pedido no Tribunal de Justiça (TJ-SC) para que sua argumentação de que apenas o governador Carlos Moisés (PSL) e o secretário Jorge Tasca podem ser alvos de crime de responsabilidade não seja analisada pela desembargadora Maria do Rocio Luz Santa Ritta. A defesa da vice pede a suspeição da magistrada por ela ser mulher do desembargador aposentado Cesar Abreu Mimoso Ruiz, advogado do presidente de Júlio Garcia (PSD) nas ações referentes à Operação Alcatraz.
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A defesa de Daniela Reinehr é explícita ao relacionar suposto interesse do deputado estadual na deposição do governador e da vice. Júlio Garcia foi indiciado pela Polícia Federal em outubro do ano passado, mas o caso ainda está em análise pelo Ministério Público Federal (MPF). A peça assinada por Karina Kufa diz que “é cristalino, portanto, o interesse do deputado estadual Júlio Garcia na retirada do governador e da vice-governadora da chefia do Poder Executivo, eis que representará a assunção dele no comando do Estado e, por consequência, dar-lhe a mudança para foro especial do Superior Tribunal de Justiça”.
Karina Kufa argumenta que César Abreu tentou, como advogado de defesa, tirar a Operação Alcatraz do âmbito da Justiça Federal – recentemente a juíza federal Janaína Cassol negou o pedido para que as investigações fossem transferidas para o âmbito da Justiça Estadual. A defesa de Daniela reforça esse ponto, ao dizer que Abreu “não conseguiu retirar a competência da Justiça Federal de forma direta, tem-se como suspeição, que de tal intento será obtido de forma indireta pela assunção do seu cliente ao Governo do Estado e imediata remessa do processo criminal” ao STJ.
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Na argumentação, Karina Kufa cita um mandado de segurança que havia sido apresentado por Daniel Reinehr no final de julho, com a defesa ainda sob comando do advogado Filipe Melo. Na época, Maria do Rocio havia refutado a tese de que a lei que rege o impeachment, de 1950, não atinge vice-governadores, apenas governadores e secretários, e que a Assembleia Legislativa invadia competência legislativa federal ao incluir essa possibilidade no rito. Quando saiu a decisão, Melo já havia apresentado uma petição desistindo do mandado de segurança e dias depois deixaria o caso. Na época era noticiada a entrada de Karina Kufa na defesa da vice-governadora – ela é advogado do Aliança pelo Brasil, partido em formação liderado pelo presidente Jair Bolsonaro.
Na sexta-feira, Karina Kufa apresentou pedido de liminar no Órgão Especial do Tj-SC com a mesma argumentação apresentada por Melo. Por sorteio, o caso caiu para o desembargador Luís Fernando Boller, que decidiu repassá-lo a Maria do Rocio. Imediatamente, a advogada de Daniela Reinehr apresentou o pedido de suspeição da desembargadora. Ela pede que a questão seja analisada pelo presidente do TJ-SC, desembargador Ricardo Roesler.
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