Quatro dias de deixar o cargo de secretário da Casa Civil do governo Carlos Moisés (PSL), o empresário Amandio João da Silva Junior foi ouvido na CPI da Assembleia que investiga a compra de respiradores de UTI por R$ 33 milhões com pagamento antecipado e nunca entregues. O ex-secretário teve a convocação aprovada na reunião de terça-feira da semana passada, quando foi apresentada a captura de tela de uma videochamada do empresário Samuel Rodovalho, registrada pelo MPSC, em que ele aparecia.
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As conversa foi registrada em 22 de abril, antes de Amandio assumir a Casa Civil no lugar de Douglas Borba – um dos alvos de investigação sobre a compra dos respiradores e preso preventivamente. Amandio reforçou a fala de Samuel de que a conversa tratava de um negócio privado sobre a possibilidade importação de testes para convid-19 da Coréia do Sul. Rejeitou, no entanto, a afirmação de Samuel de que seriam amigos. De acordo com Amandio, ambos foram apresentados por Márcio Furtado de Mendonça, empresário do ramo da construção civil e também participante do grupo de videochamadas. Segundo ele, o grupo teve contato quase diário durante os cerca de 20 dias em que discutiram a importação de testes, descartada por dificuldades de preço e logística. O ex-secretário disse que nunca conversou diretamente com Samuel, apenas nas videoconferências em grupo. Samuel Rodovalho é representante da Cima, empresa que tinha interesse em vender respiradores artificiais da China para Santa Catarina e citou suposta ciência do governador sobre o caso em mensagens captadas pela investigação – parte da embasamento da decisão do juiz Elleston Lissandro Canali de encaminhar o processo para análise do Superior Tribunal de Justiça, por força do foro privilegiado do governador Carlos Moisés.
Em seu depoimento, Amandio negou qualquer conhecimento sobre o processo de compra e pagamento dos respiradores e afirmou mais de uma vez que nunca conversou com o governador Moisés sobre o assunto. Segundo ele, ao assumir a Casa Civil procurou “olhar para frente e os respiradores eram passado”. Mas também confirmou, em pergunta feita pelo deputado estadual Kennedy Nunes (PSD) que recebeu telefonema de Márcio Mendonça com o pedido de um contato na Secretaria de Saúde para um “amigo” que queria resolver pendências em um processo de compra. O amigo de Márcio seria Samuel. Amandio disse que prometeu ajudar, mas que não o fez – e que não se lembra o motivo. O ex-secretário não soube precisar quando foi esse esse telefonema, realizado antes de sua nomeação como secretário da Casa Civil.
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