Acostume-se, muito candidato a prefeito ou vereador vai vestir a camiseta do Aliança pelo Brasil até outubro. No final de semana que passou, foi a vez dos prefeitos Mario Hildebrant, de Blumenau, e Fabrício de Oliveira, de Balneário Camboriú, ambos ex-PSB. A cena gerou comentários, análises e avaliações. Surtiu o efeito desejado.

Continua depois da publicidade

Mario e Fabrício tem muito em comum. Faziam parte do PSB liderado pelo ex-deputado federal Paulo Bornhausen, cujo time migrou para o Podemos em 2019. Ambos encaram este ano eleições em cenários complicados e ainda muito pouco definidos – em que, mesmo prefeitos e concorrendo à reeleição, não largam como favoritos. Ambos governam cidades em que o presidente Jair Bolsonaro recebeu mais de 70% dos votos no primeiro turno e mais de 80% no segundo.

Assim sendo, é quase natural que ambos vistam a camiseta do partido em formação que abrigará o bolsonarismo e será a legenda da reeleição do presidente em 2022. Movimento fortalecido por estarem acompanhados pelo advogado Admar Gonzaga, que hoje lidera a criação do partido em suas questões jurídico-burocráticas.

Foi ele mesmo que disse, em janeiro, que o Aliança não ficará pronto para as eleições municipais deste ano. Bolsonaro reforçou aos militantes da nova legenda em Santa Catarina, em gravação, que o partido ainda não tem dono e nem liderança constituída no Estado. Isso significa que não quem possa desautorizar – além do próprio Bolsonaro e, quiçá, seus filhos – uma liderança política que se apresenta como futuro partidário do Aliança e até mesmo como construtor do partido.

Na prática, os bolsonaristas precisarão estar filiados a outras legendas para disputar as eleições deste ano. O senador Jorginho Mello colocou seu PL à disposição em Santa Catarina e deve ser o desaguadouro natural, mas há outros. O próprio Podemos de Bornhausen é um deles, destino provável de Mário e Fabrício.

Continua depois da publicidade

Neste cenário, não é de se duvidar que na mesma cidade, mais de um candidato a prefeito use as camisetas azuis do futuro partido bolsonarista. É um gesto fácil, simples, não dói. Quando o partido for criado – até junho, de acordo Bolsonaro, mas provavelmente só depois das eleições – haverá um filtro em que ser definido oficialmente quem é mesmo do Aliança. O resultado das eleições vai pesar na manutenção dos interesses, assim como a própria composição local do novo partido. Quem vestir a camiseta azul e depois não entrar no barco, sempre poderá dizer que questões paroquiais impediram o casamento. Até lá, o Aliança é uma ideia. E uma camiseta confortável no Estado mais bolsonarista do Brasil.