A reforma eleitoral que reduziu a apenas dois meses o tempo oficial de campanha gerou, em efeito colateral, uma longa e entediante pré-campanha. Essa situação se registra na corrida presidencial e também pelos governos dos Estados, com dezenas de pré-candidatos tentando se viabilizar sem oficialmente poder pedir votos. É a velha hipocrisia regulamentada tradicional brasileira.
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Em Santa Catarina, se estivéssemos agora em campanha oficial, é possível que os principais candidatos fosse Décio Lima (PT), Gelson Merisio (PSD/PP), Mauro Mariani (MDB) e Paulo Bauer (PSDB). Todos são os pré-candidatos oficiais de suas siglas. À exceção do petista, os demais são vistos com ressalvas no cenário – dentro e fora de seus partidos. Como titulares que não convencem parte da torcida e do vestiário.
Merisio é quem traz o projeto mais pronto. Atrelou o PP de Esperidião Amin e o PSB de Paulo Bornhausen a sua pré-candidatura e saiu em busca de meia-dúzia de pequenas e médias siglas que garantiriam uma boa estrutura. No entanto, sofre resistências do ex-governador Raimundo Colombo (PSD) e do ex-deputado estadual Júlio Garcia (PSD) – seja pelo estilo pessoal de Merisio, seja por duvidar de seu potencial eleitoral. Se Merisio desistir, Amin sobe e todo o leque partidário que o pessedista juntou entra novamente em disputa.
Presidente estadual do MDB, Mauro Mariani está com o nome na praça desde o ano passado. Enfrentou as articulações de bastidores em torno do prefeito joinvilense Udo Döhler (MDB), lançando uma proposta de prévia – rechaçada pelo então rival. A saída de cena de Döhler aconteceu quase ao mesmo tempo que a posse de Eduardo Pinho Moreira (MDB) como governador. Virou nome natural, embora Mariani mantenha-se no páreo. Terão que acertar os ponteiros e a substituição do candidato parece que virá com o tempo.
Também lançado pré-candidato, o tucano Paulo Bauer está correndo o Estado nas últimas semanas. Seria ele a alternativa ideal para os pessedistas que não acreditam em Merisio, com endosso do ex-senador Jorge Bornhausen. No entanto, Bauer enfrenta velado fogo amigo e o abalo causado pela investigação autorizada pelo Supremo Tribunal Federal sobre caixa dois na campanha eleitoral de 2014. Em paralelo, o ex-prefeito blumenauense Napoleão Bernardes (PSDB) também corre o Estado em pré-campanha para o Senado, mas já é observado por tucanos e pessedistas como uma opção de candidatura ao governo com o mote da renovação política.
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Muito foi falado nas últimas semanas sobre uma aliança entre emedebistas e tucanos, com Pinho Moreira e Napoleão. As negociações esfriaram diante da resistência dos tucanos em ceder a cabeça-de-chapa. Na votação da polêmica Medida Provisória 220, muito leram o voto favorável do deputado estadual Marcos Vieira, presidente do PSDB-SC, como um aceno ao governador emedebista. No entanto, é mais seguro ler como um voto anti-Merisio.