Quem for por estes dias ao Centro Administrativo, em Florianópolis, e perguntar pelo governador, ouvirá como resposta “qual deles?”. Essa é a sensação vivida no epicentro do poder estadual diante da situação em que Eduardo Pinho Moreira (MDB), ainda dono da caneta, e Carlos Moisés da Silva (PSL), sucessor eleito, já dividem o mesmo andar. A transição de governo, tão pálida aos olhos externos, é uma realidade no prédio localizado na rodovia SC-401.
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Pelo cronograma da equipe coordenada pelo professor Luiz Felipe Ferreira, é nesta sexta-feira (30) que o governador eleito receberá a conclusão sobre o modelo administrativo que pretende aplicar ao Estado – com a definição das secretarias e cargos, entre outras decisões. Avalizado por Moisés, o modelo deve ser apresentado em uma entrevista coletiva. Será a principal novidade deste governo em relação aos dos antecessores – antes do nomes, apresenta-se com pompa e circunstância a estrutura de governo.
Vista por dentro, a transição impressiona. Salas do primeiro andar que antigamente abrigavam cargos ligados ao gabinete de vice-governador e a relevantíssima – há ironia aqui, leitor – e desativada Secretaria de Assuntos Estratégicos foram cedidas à equipe de transição. Oficialmente, são os 11 nomes capitaneados por Ferreira e nomeados para tanto. Na prática, são 58 pessoas trabalhando para ajudar Moisés nesta espinhosa travessia entre a reserva do Corpo de Bombeiros e o gabinete de governador de Santa Catarina.
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Boa parte desse grupo, talvez maioria, usa farda. É quase uma confirmação da expectativa que se criou com a vitória de Moisés, coronel reformado, de que oficiais da Polícia Militar e dos Bombeiros teriam lugares generosos na administração. Na transição, eles atenderam ao chamado – e muitos se colocaram à disposição. Afirmam que não há nenhum compromisso de ficarem no governo, mas que a identidade da farda gera uma necessidade de ajudar. Nas palavras de um apoiador voluntário, se o novo governo der errado é possível que a culpa recaia sobre toda a corporação militar.
Após o anúncio da estrutura, a expectativa é de comecem a pipocar os nomes dos futuros secretários. Por enquanto, apenas o futuro delegado-geral da Polícia Civil, Paulo Koerich, foi confirmado por Moisés. Há uma expectativa, inclusive no Centro Administrativo, de que os nomes da segurança – área de origem do governador eleito – serão confirmado antes. Moisés depende menos da imersão da máquina e do estudo do grupo de transição para fazer esses diagnósticos e convites. Outra aposta que circula é a de que não haja uma Secretaria de Segurança Pública, mas que os comandantes das forças de segurança se dirijam diretamente ao governador.
Enquanto o tempo das apostas vai terminando para dar lugar aos dos anúncios e certezas, permanece viva a sensação de que o novo governo já está nascendo dentro dos escombros da gestão que se encerra.
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