O presidente Jair Bolsonaro (PSL) deve ter levado um susto ao receber o resumo das notícias nesta quarta-feira, véspera de seu café da manhã com a bancada parlamentar catarinense no Palácio do Planalto. Em entrevista à Folha de S. Paulo, o governador Carlos Moisés (PSL), mais uma vez, surge pontuando diferenças em relação ao colega de partido. 

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O ponto de afastamento agora é a política em relação aos agrotóxicos – tema em que o governo federal promove afrouxamento nas regras de liberação, enquanto o estadual decide pela taxação de 17% no ICMS dos produtos. Mas o próprio Moisés levanta espontaneamente outras diferenças na entrevista ao citar a audiência em que recebeu entidades ligadas à agricultura familiar, além de pautas indígenas e LGBT.

— Antes de ser governador, eu parava o carro para comprar artesanato do índio, comprava as hortaliças sem agrotóxicos, aceitava alguém com orientação sexual diversa da minha. Por que vou mudar agora? – pontuou o catarinense.

Não é primeira vez que Moisés surge na mídia nacional como contraponto a Bolsonaro. Em junho, foi entrevistado pelo jornal O Estado de S. Paulo, quando mostrou discordância em relação a boa parte da agenda de presidente – “pauta de governo tem que ser pauta relevante”, dizia Moisés sobre o empenho temas como o ensino domiciliar e o afrouxamento de regras de trânsito.

Embora aponte divergências e até discordâncias, o governador mede as palavras para falar de Bolsonaro e diz que não considera que o presidente seja de extrema-direita. Avalia que ele tem personalidade forte e que é mal-interpretado. Boa e má interpretação são importantes nesta hora – o deputado federal Alexandre Frota foi expulso do PSL após seguidas críticas ao presidente, como forma de mandar um sinal à tropa pesselista.

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No café da manhã desta quinta-feira, quando os deputados federais e senadores catarinenses – a única ausência será a do petista Pedro Uczai – vão pedir prioridade às obras de infraestrutura do Estado, não haverá o encontro entre Bolsonaro e Moisés. Assim que soube do encontro do presidente com os parlamentares, Moisés demonstrou interesse em também participar. O primeiro contato foi feito pelo secretário de Articulação Nacional, Diego Goulart, o segundo diretamente pelo governador com o deputado federal Rogério Peninha (MDB), segunda-feira. O emedebista explicou que este era o momento de brilho de quem se expôs votando a reforma da previdência. Moisés entendeu. Talvez não fosse mesmo o melhor momento para o reencontro.

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