A tensão entre o governador Carlos Moisés da Silva (PSL) e as entidades ligadas ao agronegócio por causa da decisão de aplicar tarifa cheia no ICMS dos defensivos agrícolas chegou ao ponto máximo na semana passada. A expectativa é de que agora seja aberto algum espaço para o diálogo – e, quem sabe, de uma solução negociada.
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O governador aceitou o apelo dos deputados estaduais que integram a bancada informal de apoio na Assembleia Legislativa para que receba as lideranças do agronegócio para uma conversa. O pedido veio praticamente uníssono no churrasco oferecido aos parlamentares pelo governador na última quarta-feira. Estavam lá 28 deputados de diversos partidos – Mauro de Nadal (MDB) não foi apenas por questões de saúde.
Naquele momento ainda causava surpresa a entrevista de Moisés à Folha de S. Paulo em que dizia que “jamais vou incentivar veneno” e que “aplicar isenção sobre agrotóxico é uma excrescência”. As reações foram fortes, inclusive na base pesselista. O gesto mais duro de contraponto veio do presidente da Faesc, principal entidade do agronegócio estadual, José Zeferino Pedrozo. Em carta aberta, divulgada pelo colunista Moacir Pereira, ele diz que o governador “não pode subordinar a realidade dos fatos a suas pueris convicções pessoais”.
Quem também se manifestou foi a Fecam, entidade que reúne os prefeitos catarinenses. É uma preocupação que ecoa em diversas regiões, com impacto na rotina do produtor rural e perda de competitividade. Desenha-se, assim, um cenário em que é quase impossível que não se cria uma janela para o diálogo.
Nessa linha, quem deseja conversar com o governador é o deputado estadual Padre Pedro Baldissera (PT). Defensor da agroecologia, o petista elogia a postura do governador, mas é mais um a pregar uma solução gradual. O deputado pretende apresentar um projeto para criar o Programa Estadual de Redução do Agrotóxico, com base em texto semelhante em tramitação na Câmara dos Deputados.
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A ideia é propor ao governador um debate sobre o tema que não se restrinja ao uso da política fiscal para encarecer o agrotóxico, mas criar um processo de adaptação não apenas de materiais, mas de cultura em relação à utilização de agrotóxicos e ao processo de transição para uma produção mais limpa. Esse é o caminho de um debate mais importante do que mais ou menos alíquotas.
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