Começa nesta terça-feira uma disputa de bastidores e articulações que vai definir o comando do governo de Santa Catarina. Vice-governadora eleita, Daniela Reinehr (sem partido) assume interinamente por até 120 dias o cargo do governador Carlos Moisés (PSL), que será afastado para responder pela segunda vez a um processo de impeachment. O retorno será um teste de força e habilidade política entre o titular e a interina que deve ganhar corpo nas próximas semanas.

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Mais do que jurídica, a definição é matemática. Composto por cinco deputados estaduais e cinco desembargadores, o Tribunal do Impeachment abriu o processo de cassação por crime de responsabilidade e afastou Moisés do Centro Administrativo por seis votos a quatro. Para a cassação, são necessários sete votos. Assim, Moisés vai lutar para manter o apoio dos quatro parlamentares que votaram a seu favor – Fabiano da Luz (PT), José Milton Scheffer (Progressistas), Marcos Vieira (PSDB) e Valdir Cobalchini (MDB) – enquanto Daniela precisa convencer pelo menos um deles a mudar o voto.

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É um duelo entre a composição política que Moisés fez com os principais tradicionais na Assembleia Legislativa após o arquivamento do primeiro processo de impeachment, em novembro do ano passado, e o peso da caneta nas mãos da governadora interina. Em seu último dia antes do afastamento, Moisés deu uma demonstração de força com uma agenda cheia e a presença de 20 dos 40 deputados estaduais na Casa d’Agronômica, como registrou o colega Anderson Silva. Entre os presentes, os quatro deputados julgadores que votaram contra a abertura do processo de impeachment.

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Pelo menos um deles, Marcos Vieira, fez uma declaração enfática ao governador de que não vai mudar de posição. Depois de um final de semana tenso pela aprovação da abertura do processo de impeachment com endosso unânime dos cinco desembargadores e o voto do deputado estadual Laércio Schuster (PSB), a segunda-feira melhorou o clima entre os governistas e reacendeu esperanças sobre o retorno de Moisés ao final do julgamento político-jurídico.

Conversei com Marcos Vieira no final da noite de segunda-feira e ele confirmou a disposição de manter o voto contra o impeachment de Moisés. Ele ressalta que de todas as acusações da peça inicial do julgamento, a única que recebeu seis votos e será analisada é a da suposta omissão por não impedir a consumação da compra dos 200 respiradores com pagamento antecipado de R$ 33 milhões.

– Eu não vou mudar. Só se vierem provas novas. Eu pergunto, mesmo que alguém possa dizer que Moisés foi omisso, esse pecado é tão grande para determinar a cassação de um governador? – questiona o tucano.

Marcos Vieira nega que haja contradição entre o voto que deu em plenário para autorizar a abertura do processo em outubro do ano passado e a posição no Tribunal do Impeachment na sexta-feira.

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– São situações completamente diferentes. O primeiro voto foi pela admissão do processo, e na condição de deputado estadual, entendia haver possíveis indícios de cometimento de crime de responsabilidade. Na dúvida, entendi que devia permitir, naquele momento, o prosseguimento do processo. Após composto o Tribunal Especial, e já na condição de julgador, tinha que dar o meu voto no sentido de reconhecer ou não se o governador Carlos Moisés cometeu ou não crime de responsabilidade. E nessa condição, de julgador, após examinar toda a documentação acostada ao processo, entendi de que ele não cometeu crime de responsabilidade – afirma.

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