O governador Carlos Moisés (PSL) rompeu na segunda-feira o silêncio sobre o ainda confuso episódio do pedido de expulsão dos deputados estaduais pesselistas Ana Caroline Campagnolo e Jessé Lopes. Em entrevista ao colega Renato Igor, na CBN Diário, ele negou que tenha partido dele a iniciativa, mas mediu pouco as palavras ao avaliar a situação:
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– Vou apoiar toda e qualquer medida que os dirigentes nacionais e estaduais do partido tomarem. Entendo que precisa ter uma hierarquia, sim. A gente tem que ter respeito mútuo e as pessoas precisam aprender com isso – disse o governador, citando os presidentes nacional e estadual, Luciano Bivar e Fábio Schiochet.
Na fala de Moisés aparece o coronel reformado do Corpo de Bombeiros Militar, o comandante de guarnição, que preza por hierarquia nas relações. Está claro o quanto as críticas abertas nas redes sociais – e, especialmente, os deboches em vídeos e figuras compartilhadas em grupos de Whatsapp – incomodaram o governador e quem o cerca.
Se o estopim foi a batalha do ICMS dos agrotóxicos – a decisão de Moisés de acabar com subsídios aos agrotóxicos, na contramão da política do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de flexibilizar as regras que facilitaram a liberação de defensivos agrícolas – o tema já ficou para trás. Não apenas pelo acordo feito com as entidades do agronegócio para manter as alíquotas zeradas até o final do ano, mas também porque foi apenas o pretexto para escancarar uma situação já visível nos bastidores.
Associados ao grupo mais bolsonarista do PSL e fortemente ligados à redes de Whatsapp que ajudaram a impulsionar a Onda 17 no Estado, Ana Campagnolo e Jessé Lopes parecem dispostos a fazer o confronto ideológico internamente. É a disputa pela cara e pelos rumos do partido no Estado. Podem contar com a vice-governadora Daniela Reinehr (PSL), isolada das questões administrativas – e atenta à possibilidade de ser um contraponto interno com acenos à base mais radical.
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Até onde vai ser esticada essa corda? Pela fala de Moisés, percebemos que será necessária a arbitragem da direção nacional. Entre a hierarquia e os radicalismo. Não podemos esquecer que o comando do PSL é mais pragmático do que ideológico – Luciano Bivar, dono da sigla arrendada a Bolsonaro na campanha eleitoral, é um político de vários mandatos que vê sua legenda protagonista pela primeira vez e vai trabalhar para consolidar esse projeto – talvez para além do bolsonarismo.
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