Nos sete anos em que comandou Santa Catarina, o ex-governador Raimundo Colombo (PSD) teve nos sindicatos, especialmente na educação, sua maior e mais organizada oposição. Muitas das reformas que o pessedista chegou a anunciar que faria, como extinção de benefícios, foram deixadas de lado para evitar os conflitos. Outras, como a reforma previdenciária e a nova tabela do magistério, foram aprovadas com a Assembleia Legislativa sitiada.

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Nesta terça-feira, será a vez de ver como será a oposição sindical ao governo de Eduardo Pinho Moreira (MDB). O Sinte/SC está convocando a categoria para uma paralisação em frente ao Centro Administrativo, às 14 horas. Pedem que toda a categoria receba os 6,81% do reajuste do piso nacional, a descompactação da tabela salarial de acordo com a lei aprovada em 2015, anistia de faltas decorrentes de greves, paralisações e assembleias, e aumento do vale-refeição.

Desde que Colombo e o ex-secretário Eduardo Deschamps (PSD) conseguiram aprovaram em 2015 o plano de carreira que adaptou o piso nacional às tabelas locais – prevendo os reajustes da categoria até o fim deste ano – o Sinte/SC tem dificuldades de mobilizar os professores. É possível dizer que Pinho Moreira e a nova secretária Simone Schramm (MDB) devem se beneficiar deste contexto.

Em abril, o governador emedebista anunciou em entrevista coletiva que Santa Catarina ultrapassara os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal, e que por isso ele teria que demitir 20% de comissionados e funções gratificadas e que não poderia conceder nenhum reajuste salarial este ano. A exceção, frisou-se, era o que já estivesse estabelecido em lei, como a descompactação da tabela salarial dos professores. Para este ano, 5% em maio – já pagos – e outros 5% em novembro.

Foi naquele encontro que ficou clara espécie de semi-rompimento com o legado de Colombo, quando Pinho Moreira reclamou de suposta excessiva generosidade da gestão do antecessor na concessão de reajustes salariais.

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Talvez as Secretarias da Fazenda e da Educação tenham sido aquelas em que o governo Colombo mais mostrou sua cara nos sete anos passados. Ambas estão passando por um forte processo de despessedização de cargos. Na Educação, embora Deschamps tenha enchido a sucessora de elogios, há até uma auditoria em andamento. Na Fazenda, qualquer indício de ligação com o ex-secretário Antonio Gavazzoni (PSD) tem levado a exoneração.

É nesse contexto e em meio a esse clima de divórcio – ou rompimento de sociedade – entre emedebistas e pessedistas que o Sinte/SC tenta levar seu bloco para a rua. É um teste para ambos. De mobilização para os sindicalistas, de enfrentamento a uma oposição barulhenta para o novo governo.

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