Há um ano, 17 de setembro de 2018, tudo corria dentro do planejamento de Gelson Merisio, à época no PSD, para vencer a eleição para o governo do Estado. Montou a aliança que quis, escolheu o MDB de Mauro Mariani como adversário ideal para polarizar a disputa e escolhia o momento certo para aderir à onda Jair Bolsonaro (PSL) – o que aconteceria dez dias depois, quando anunciou publicamente apoio ao então presidenciável.
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A onda que Merisio pretendia surfar, no entanto, era tão grande que carregou com ela o quase desconhecido Comandante Moisés (PSL) para o segundo turno das eleições. O resto é história e você a conhece bem, leitor. O comandante virou o governador Carlos Moisés da Silva com 71% dos votos. Merisio era a velha política contra a nova e foi expressivamente derrotado – como aconteceu em cenários semelhantes no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.
Merisio recolheu-se e pouco falou desde então. Agiu – mudou-se de Chapecó para Joinville disposto a operar na política local, deixou o PSD para evitar o inevitável confronto interno com Júlio Garcia e Raimundo Colombo, a influência de Jorge Bornhausen e as intervenções de Gilberto Kassab.
Agora, em entrevista no programa Cabeça de Político, Merisio rompe o silêncio e se lança a ocupar um espaço que ainda está vago desde que Carlos Moisés assumiu o governo estadual: o do opositor.
Ninguém tem mais legitimidade que isso do que ele, único na campanha eleitoral e tentar lançar desconfianças sobre as chances de sucesso de um outsider no comando da máquina do Estado. Até aqui, Moisés governa sem maiores sobressaltos. Seu maior enfrentamento se deu com o agronegócio ao tentar promover a taxação dos até então (e ainda) subsidiados defensivos agrícolas.
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Nessa esteira surge Merisio, defendendo a eficácia da política fiscal construída em Santa Catarina nas últimas décadas. Mais do que isso, diz que o governo é “preguiçoso” e ausente no interior do Estado. Cita Luiz Henrique e Esperidião Amin como governadores presentes – esquece o ex-correligionário Colombo. É tudo reposicionamento.
Não existe espaço vago na política – em algum momento Moisés teria seu antípoda. Merisio se mexe para ocupar esse espaço, assim como a tentativa de viver a política a partir de Joinville. Ele diz não ter a intenção de disputar a prefeitura do maior colégio eleitoral do Estado, mas não descarta completamente. É provável mesmo que não concorra – está de olho em 2022.