Gelson Merisio conseguiu dar uma resposta contundente aos que duvidam que ele consiga se viabilizar como candidato do PSD ao governo do Estado. O deputado estadual é sempre questionado sobre os números nas pesquisas que circulam nos meios políticos, mas agora pode lançar um desafio a adversários interno e externos: quem consegue reunir 108 dos 295 prefeitos catarinenses, lideranças de 11 partidos e 18 deputados em um evento para 10 mil pessoas numa manhã de sábado em Chapecó?

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O pessedista precisava de um evento grandioso, um verdadeiro fato político, para marcar sua posição e diminuir o ímpeto de quem quer vê-lo fora do jogo. O lançamento da pré-candidatura, realizado no sábado, foi construído nos mínimos detalhes nos últimos dois meses para marcar essa mudança de patamar. A greve dos caminhoneiros quase frustrou essa expectativa, por causar dois adiamentos, mas Merisio mostrou que seu time está alinhado.

Ao falar, o pessedista mediu as palavras para equilibrar o conceito de ruptura política e a exaltação da gestão do correligionário Raimundo Colombo (PSD), encerrada em abril com a renúncia para concorrer ao Senado. Merisio disse que ambos vão caminhar juntos e foi elogiado pelo ex-governador como alguém corajoso e equilibrado e que vai liderar o processo de construção de uma coligação.

Habilmente, ao fazer a defesa de Colombo, Merisio culpou as gestões peemedebistas nos governos estadual e federal pelo insucesso da segunda edição do Fundam, uma das principais bandeiras do ex-governador e que deixou um gosto de frustração pela negativa do BNDES em fazer o empréstimo de R$ 700 milhões para serem repassados aos municípios. O pré-candidato pessedista, aproveitando a plateia de frustrados prefeitos, disse que testemunhou o empenho de Colombo, mas que o programa foi boicotado “por lideranças que estavam dentro do nosso governo e também no federal”.

As falar podem indicar uma ressintonização de Colombo e Merisio. O ex-governador conversa muito nos bastidores com quem prega uma aliança com o PSDB, ausente no encontro de sábado. O inquérito aberto no STF contra o senador Paulo Bauer (PSDB) fragiliza a tese de que ele encabece uma coligação com pessedistas e pepistas. Assim, o deputado federal Esperidião Amin (PP) seria a única alternativa a Merisio nesse campo. O pepista mandou mensagem gravada saudando a pré-candidatura e justificando ausência pelo batizado da primeira neta. Na base, os partidos estão juntos. Ficou claro no sábado que Merisio só sai do jogo se for convencido – o que não será nada fácil.

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Até agora, tudo correu como Merisio planejou. Construiu uma aliança sólida, inviabializou a continuidade da aliança entre PSD e MDB, sobreviveu às investidas de Júlio Garcia (PSD), viu murchar a opção tucana. Vai derrubando os obstáculos. Faltam as pesquisas e, consequentemente, os votos. Pelo que indica o evento em Chapecó, será testado nas urnas em outubro.