A três dias da saída oficial do PSD do comando do governo estadual, o deputado Gelson Merisio deu mais um sinal claro de consolidação de sua pré-candidatura a governador pelo partido. Na tarde de ontem, o PRB fez um evento no plenarinho da Assembleia Legislativa para anunciar a decisão de apoiar o pessedista – um apoio que traz mais do que alguns segundos de horário eleitoral.

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O PRB é o braço político da Igreja Universal do Reino de Deus. Não esconde isso. No encontro de ontem, estavam os bispos Sérgio Motta, presidente estadual da sigla, e Marcos Farias, representando a igreja. Pré-candidato a deputado federal, o apresentador Hélio Costa distribuía cumprimentos e sorrisos. O plenarinho estava tomado por fiéis que ouviram atentamente as falas de seus pastores e do pré-candidato Merisio – havia mais cara de povo, de gente de verdade, do que na maioria dos encontros partidários.

O apoio do partido já estava na conta da pré-aliança em articulação, ontem foi apenas uma oficialização. Merisio já obteve esse endosso do PP, do PSB – Sílvio Dreveck e Paulo Bornhausen, respectivamente presidentes estaduais das siglas, estavam no encontro de ontem – e do PDT. Na próxima semana, será a vez do ros e do Solidariedade.

Mas mais importante que o condomínio de siglas em torno de Merisio é a consolidação do projeto junto ao eleitorado evangélico. Além da Universal, o pessedista está construindo junto ao deputado estadual Narcizo Parisotto o apoio da Igreja Quadrangular. Hoje no PSC, Parizotto já esteve no PFL, no PTB, no DEM, mas sempre com o voto de sua congregação.

Merisio também está muito próximo de acertar o apoio da Assembleia de Deus no Estado. Dois deputados estaduais do PSD, Ismael dos Santos e Kennedy Nunes, fazem parte da congregação e trabalham pelo apoio oficial. Ambos serão os nomes da igreja na disputa pela Assembleia, enquanto a deputada federal Geovânia de Sá, do PSDB, será o nome para a Câmara. A igreja ainda não definiu o apoio a Merisio, mas é o caminho natural. São cerca de 250 mil membros, que se distribuem por 2,9 mil templos no Estado – por isso é um apoio tão ou mais cobiçado que o de muitos partidos.

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Fechando com a Universal, a Quadrangular e a Assembleia de Deus, Merisio repete a articulação feita em torno da reeleição de Raimundo Colombo (PSD) em 2014. Ele também tinha os braços políticos das três igrejas em seu palanque – o que talvez ajude a explicar a vitória em primeiro turno mesmo com todas as dificuldades médicas para fazer campanha que o governador enfrentou.

Apesar de todo o peso do apoio das igrejas, o evento de ontem não deixou de mostrar o velho desafio que é cobrado de Merisio: o de ser conhecido. Todas as vezes que se dirigiu ao pré-candidato, o bispo Sérgio Motta o chamou de “Gérson Merisio”. Terá tempo para aprender o nome certo.