A definição das principais chapas que vão disputar as eleições de Santa Catarina – nas últimas horas do prazo legal – passou a impressão de que nas últimas duas semanas de articulações, imposições e convenções, perdemos duas semanas. No final das contas, Gelson Merisio (PSD) e Mauro Mariani (MDB) conseguiram isolar caciques e garantiram sua candidaturas a governador com as alianças que eram praticamente as que sonhavam desde de sempre.
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A queda de braço geracional que marcou os últimos dias da composição das alianças foi concluída com a vitória dos nomes que representam a nova cara da tradição política do Estado. Merisio e Mariani compuseram blocos partidários que lembram as antigas disputas de PDS e PMDB – antes da fragmentação partidária a partir dos anos 1990. Era exatamente o que pretendiam quando colocaram seus blocos na rua, ano passado, e fizeram de tudo para sobreviver às articulações que visavam a formação de coligações mais amplas.
Merisio conseguiu tomar o controle do processo eleitoral pessedista das mãos do ex-governador Raimundo Colombo, isolar o também candidato Esperidião Amin (PP) e dobrar a resistência de João Paulo Kleinübing (DEM), que não aceitava ser seu vice. É com essa chapa com jeito de PDS (ou PFL) que ele vai para a disputa.
Mariani enfrentou e venceu todos os adversários internos no MDB. Assim, ficaram pelo caminho o prefeito joinvilense Udo Döhler e o governador Eduardo Pinho Moreira. Ao fim, o flerte sem ameaças que manteve com o PSDB de Paulo Bauer nos últimos meses deu resultado. Os tucanos caíram no colo dele quando os tucanos acreditaram que os movimentos de Merisio nos últimos dias haviam isolado o partido. O emedebista herdou um vice peso: o ex-prefeito blumenauense Napoleão Bernardes (PSDB), enquanto Bauer disputa o Senado ao lado do deputado federal Jorginho Mello.
Esses movimentos aconteceram quase ao mesmo tempo e deixaram feridas que ainda precisam ser cicatrizadas. É uma história ainda por ser contada. As duas chapas apresentam um equilíbrio de forças que não se vê desde a eleição de 2002. Serão cerca de 4 minutos no horário eleitoral para Mariani, contra 3min30s para Merisio. O time dos emedebista conta com 150 prefeituras, enquanto 130 estão nas mãos de aliados do pessedista. Jogo aberto.
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Com a confirmação da candidatura do deputado federal Décio Lima na convenção do PT realizada ontem, o cenário da eleição catarinense se consolidou com a marca do equilíbrio e da renovação de nomes. Nenhum dos três principais candidatos disputou o governo do Estado antes – o que não acontecia desde a longínqua eleição de 1986.
Há ainda outros quatro candidatos que precisam lutar contra a invisibilidade e vão apostar todas suas fichas nas redes sociais e no desencanto da sociedade com partidos e nomes tradicionais. Coronel Moisés da Silva (PSL), o candidato de Jair Bolsonaro; Rogério Portanova (Rede), o nome de Marina Silva; Leonel Camasão (PSOL) e Ingrid Assis (PSTU). Todos com menos de 15 segundos diários por programa eleitoral.