É uma estratégia incomum que mantém em pé a pré-candidatura de Gelson Merisio ao governo do Estado. Ao contrário das articulações que resultaram nas vitórias de Esperidião Amin, Luiz Henrique da Silveira e Raimundo Colombo nas últimas cinco eleições, a articulação principal do pessedista é reunir um bloco de médios e pequenos partidos.
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O que tem funcionado nos últimos 20 anos são os acordos entre os grandes partidos, trazendo as demais siglas a reboque, em nome da sobrevivência. Agora, em um cenário que – por enquanto – indica fragmentação da antiga tríplice aliança, Merisio aproveita as indefinições das cúpulas do PMDB e do PSDB e a composição acertada com o PP para montar uma coligação que independa da presença dos antigos parceiros.
Na terça-feira, Merisio colocou mais um tijolo nessa construção ao acertar o apoio do PDT ao projeto. O anúncio foi celebrado com a presença do presidente nacional do partido, o ex-ministro Carlos Lupi, e do ex-ministro catarinense Manoel Dias, secretário-geral do partido. O presidenciável Ciro Gomes vem conversando com Merisio desde o ano passado sobre um projeto em comum.
O acerto traz os pedetistas para um barco que já conta com o PSB de Paulo Bornhausen e que aglutina outras siglas de médio e pequeno porte. Já seriam 10 partidos acertados, incluindo PRB, PSC, Pros, Solidariedade, Podemos e PRP. O PCdoB estuda com carinho entrar nesse barco.
O diferencial de Merisio para juntar grupos díspares ideologicamente é a viabilidade eleitoral para as eleições de deputado federal e estadual, especialmente a última. Uma ampla coligação de legendas de médio porte viabiliza eleição de parlamentares com votações abaixo das alcançadas pelos candidatos dos grandes partidos.
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Nesta eleição, será a última vez que será permitida a coligação entre partidos nas eleições parlamentares. São elas que garantiram a proliferação de legendas no Congresso, criando condições para que seja superado o quociente eleitoral. Como distorção, os votos de um candidato socialista podem ajudar a eleger um liberal, e vice-versa, dependendo da amplitude – para usar um termo bonito – ideológica da coligação.
É a regra do jogo, pela última vez. Por isso, os partidos se agarram a essa chance de manter ou conquistar vagas na Alesc e na Câmara e, assim, não desaparecerem do cenário político. Quem ficar fora do jogo nesta última rodadas de coligações, não vai conseguir montar chapas competitivas para a eleição de vereador e acaba morrendo de inanição a partir daí.
Ainda enfrentando resistências e desconfianças no PSD, Merisio constrói um projeto que vai se consolidando diante da falta de planos B no partido. A resistência de seu projeto é uma das surpresas do momento pré-eleitoral.