Nas fotos e nos discursos, o MDB sai forte e unido da convenção em que o deputado federal Celso Maldaner venceu o senador Dário Berger por 39 votos a 31 e conquistou a presidência da legenda em Santa Catarina. Na vida real, o maior partido do Estado deve viver as consequência de sua divisão.

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A pergunta que surgiu logo após a confirmação do resultado na tarde de sábado era se os votos representavam uma vitória de Maldaner ou uma derrota de Dário. Ambas as respostas são verdadeiras. O deputado federal foi incansável em sua postura de concorrer à presidência e não aceitar pratos feitos pelos demais caciques. Correu o Estado para conquistar votos e apoio, consolidou a candidatura e fez dela irreversível.

Por sua vez, Dário acreditou que a simples manifestação da vontade de assumir o partido seria suficiente para que fosse ungido. Em 12 anos de (P)MDB, não entendeu que os emedebistas sempre precisam ser conquistados. Caiu no mesmo erro que o prefeito Udo Döhler ano passado, quando achou que uma limusine iria a Joinville buscá-lo para concorrer ao governo. No MDB, apoios se conquistam a garfo.

Uma semana antes da convenção, quando tudo indicava que Maldaner venceria uma disputa entre os delegados do partido – que Dário havia dito de antemão que não enfrentaria -, o jogo equilibrou por o deputado federal aceitou construir um diretório de consenso e fazer com que a disputa fosse reduzida a seus 71 integrantes. Era a chance do senador. Até o sábado houve a tentativa de construção de um consenso, enquanto aliados de Dário e Maldaner caçavam votos.

Horas antes da votação, o senador acreditava na vitória. O resultado foi indigesto. Maior mandato do partido, nome natural para a candidatura ao governo em 2022, Dário foi derrotado em casa. Mesmo aliados próximos acreditam que o resultado levará o senador a deixar o partido. Ele já teria conversas adiantadas com o PL do senador Jorginho Mello e a opção de entrar o PSB – especialmente quando este for encampado no Estado pela dupla Carlos Amashta e Adir Gentil.

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Para o MDB, a vitória de Celso Maldaner indica que a aproximação com o governo de Carlos Moisés (PSL) continuará. Também mostra força da bancada estadual e do ex-governador Eduardo Pinho Moreira, aliados do novo presidente na disputa. O tempo vai mostrar se Maldaner será o responsável por resgatar a chama emedebista abalada pelo desgaste estadual e nacional do partido ou se será o encarregado de apagar a luz.

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