Dias desses me perguntaram quem eu achava que seria o próximo presidente da Assembleia Legislativa. Respondi que o deputado estadual Valdir Cobalchini (MDB) tinha a faca e o queijo na mão e só perderia a chance se errasse o corte. Na tarde de terça-feira, a bancada do MDB praticou um impressionante e inesperado gesto ao fazer o queijo desaparecer.
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Sete dos nove deputados emedebistas eleitos decidiram que Mauro de Nadal será o candidato do partido à presidência – ausentes Cobalchini e Moacir Sopelsa, o outro postulante da sigla. Mais do que um gesto de unidade, expresso no amplo endosso a Nadal, fica claro que o MDB do parlamento estadual tenta isolar o parlamentar que foi o mais votado do partido nas últimas três eleições. Os efeitos disso não são nada previsíveis.
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Cobalchini reagiu como poucas vezes se viu. Indignado, afirmou que sua história no partido foi desrespeitada e que sempre trabalhou por conciliação nos diversos momentos em que a sigla entrava em fortes disputas internas – e não foram poucas as vezes.
O emedebista vinham tentando se credenciar junto à bancada como candidato à presidência da Alesc, incluindo a realização de um jantar semanas atrás. Na última conversa, na semana passada, o líder Carlos Chiodini – eleito deputado federal – sugeriu uma votação. Cobalchini diz que se negou a participar. Esta foi a votação, com direito a cédula com os nomes dele, Nadal e Sopelsa, que determinou a posição da bancada.
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O MDB foi poupado na onda de renovação que diminuiu as bancadas de quase todos os partidos tradicionais no parlamento estadual, mantendo as nove cadeiras que havia conquistado nas eleições de 2014. Só conseguiu isso por causa da aliança com o PSDB, que acabou tendo menos sorte com a composição e perdeu duas cadeiras.
A condição de maior bancada fez dos emedebistas favoritos a ficar com a presidência da Casa. A decisão de isolar Cobalchini e a reação do deputado a esse isolamento colocam o projeto a perigo.
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Em todos os momentos, Mauro de Nadal deixou claro que almejava o cargo. Enquanto o adversário interno costurava com as demais bancadas e jogava em tabela com Júlio Garcia (PSD), ele trabalhou internamente com mais sucesso. Nadal já mostrava trânsito e habilidade na condução da poderosa Comissão de Constituição e Justiça, que já presidiu. É um candidato natural.
Mas o jogo na Alesc não se faz apenas na naturalidade. A última vez que o partido teve um presidente com mandato completo, dois anos, foi no final dos anos 1980, com Juarez Furtado. Só voltou a presidir a Casa – com acordo de divisão de mandato – em 2014 com Romildo Titon e este ano com Aldo Schneider, falecido no cargo.
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Ainda indignado com a votação interna, Cobalchini dizia que não retiraria a candidatura à presidência e que não facilitaria o jogo de quem o derrubou. Se o MDB não aparar suas arestas, vai mais uma vez ver o comando da Alesc nas mãos de bancadas menores.