Em meio às discussões internas e autoavaliações decorrentes dos resultados das eleições do ano passado, o MDB tomou uma decisão importante nesta segunda-feira (11). Reunida em Florianópolis, a executiva estadual do partido decidiu que não fará parte do governo de Carlos Moisés da Silva (PSL) e que os filiados que dele participam devem se licenciar da sigla.
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Parece pouco, mas é um gesto importante para o maior partido do Estado, ainda atordoado pelos resultados das eleições de outubro e em busca de um norte político que impeça novas derrotas nas disputas municipais de 2020.
A amistosa transição de governo de Eduardo Pinho Moreira (MDB) para Carlos Moisés criou uma sensação de que a esperada gestão da mudança viria carregada em tons emedebistas. A permanência de Paulo Eli, MDB de carteirinha, na Secretaria da Fazenda sedimentou essa impressão, ainda muito utilizada nas redes sociais em forma de crítica.
O curioso é que essa ideia de que o MDB de alguma forma dá suporte ao governo de do PSL é negativa para ambos. O governo de Moisés apresenta-se como a gestão que vai valorizar a capacidade técnica dos profissionais e ignorar quadros políticos ou indicações partidárias. O carimbo emedebista seria um contrassenso em relação ao discurso que resultou em 71% dos votos. Ao mesmo tempo, o MDB sabe que precisa se livrar do estigma de sigla governista a qualquer custo, a qualquer governo.
Assim que a executiva emedebista tomou a posição, Paulo Eli anunciou o pedido de licença – dando naturalidade ao gesto. O encontro também tratou dos rumos do partido, que começa a definir sua sucessão. Após o insucesso na disputa pelo governo do Estado, o atual presidente Mauro Mariani anunciou que não disputaria mais eleições e que não tentaria novo mandato na direção. Segunda-feira, defendeu que o senador Dário Berger comande a sigla. Semana passada, Dário fez a enfática defesa de que o partido não aderisse ao governo Moisés e apresentou-se para o jogo. Na segunda-feira, titubeou.
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Além dele, os deputados federais Carlos Chiodini e Celso Maldaner e o ex-deputado Edinho Bez também têm colocado seus nomes para a disputa que acontece em maio. No entanto, os caciques emedebistas começam a discutir a possibilidade de utilizar a presidência estadual para solucionar a crise da bancada do partido na Assembleia, que tratei na coluna de segunda-feira.
Isolado dos principais cargos do partido no parlamento, o deputado estadual Valdir Cobalchini poderia ser ungido ao comando da sigla. Como se trata do MDB, é claro, tudo isso vai precisar ser acertado com muita gente antes de uma definição.