Quando as urnas confirmaram sua derrota nas eleições do ano passado, na busca por um terceiro mandato como deputado federal, Marco Tebaldi (PSDB) escreveu uma carta lamentando que tenham lhe faltado, justamente na cidade de Joinville, os votos que garantiriam a reeleição. Naquele lamento, havia muito do estilo do gaúcho de Erechim que adotou a mais populosa de Santa Catarina – e que, por muito tempo, foi também adotado por ela.
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Na ponta do lápis, Tebaldi conquistara 71 mil votos em todo o Estado, suficientes para que fosse o 13º mais votado entre os candidatos a deputado federal, mas não para que ocupasse uma das 16 cadeiras – a lógica do quociente eleitoral o derrotou. Mas a votação em Joinville fez a derrota doer mais – em quatro anos, ele perdeu 34 mil votos na cidade em que foi servidor público, vereador e duas vezes prefeito.
O fenômeno que atingiu Tebaldi não teve apenas ele como alvo. Em todo o Estado, lideranças políticas tradicionais tiveram dificuldade de reter o voto em suas bases eleitorais, especialmente nas grandes cidades. Nelas foi mais forte a onda de renovação, representada pelo número 17. No caso dele, havia, no entanto, um componente a mais. Sexto mais votado entre os joinvilenses, Tebaldi via a cidade optar por três novos nomes para a Câmara Federal – Coronel Armando (PSL), Rodrigo Coelho (PSB) e Darci de Matos (PSD), este um antigo parceiro de vitórias eleitorais.
Derrotado, o tucano não se entregou. Trabalhou internamente para assumir o comando do PSDB-SC e o conquistou em acordo com os caciques estaduais. Queria viajar o Estado para tentar reconstruir um partido que saiu das urnas tão cabisbaixo quanto ele próprio. Não conseguirá concluir a tarefa que se impôs.
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A morte de Marco Tebaldi, na noite deste domingo, de certa forma, encerra um capítulo na história política de Joinville e Santa Catarina. O maior colégio eleitoral do Estado vive, desde a perda de Luiz Henrique da Silveira (PMDB) em 2015 um longo e ainda muito nebuloso processo de renovação de suas lideranças. Tebaldi era um dos protagonistas deste ciclo que se encerra.