Coincidência ou não, é na mesma região Sul do Brasil que votou majoritariamente contra o PT nas eleições presidenciais de 2006, 2010 e 2014, que se localizam Curitiba e Porto Alegre, foros judiciais que impuseram e reafirmaram a condenação do ex-presidente Lula. E é justamente na região Sul que o líder petista vai realizar a terceira etapa de suas viagens pelo país no final de fevereiro e testar nas ruas o efeito de decisão do Tribunal Regional Federal (TRF-4) que deve impedir sua candidatura a presidente.

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Santa Catarina estará no roteiro, que começa dia 27 de fevereiro na cidade gaúcha de São Borja. A escolha do ponto de partida não é mero acaso. É lá que estão enterrados os ex-presidentes Getúlio Vargas e João Goulart e o líder de esquerda Leonel Brizola. A passagem pelo Estado deve ser realizada nos três primeiros dias de março e Florianópolis deve ser local de um dos comícios. A definição do roteiro catarinense será feita pela executiva estadual do partido em reunião no sábado.

Presidente estadual da sigla, o deputado federal Décio Lima estava ontem em São Paulo nas reuniões que definiam a posição do PT e de Lula após a condenação de quarta-feira. Os petistas querem chamar os demais pré-candidatos de partidos à esquerda, como Ciro Gomes (PDT) e Manuela D’Ávila (PCdoB) para formar uma frente. Será interessante observar esse movimento, considerando que a inelegibilidade de Lula tende a afastar parceiros eleitorais. Décio Lima garante que não há plano B, que “o plano é Lula”. O discurso de confronto aos magistrados que condenaram o líder petista será radicalizado.

— Temos a clareza da inocência de Lula e a certeza de o que aconteceu em Porto Alegre foi um cartel dos desembargadores a favor do golpe.

Trazer a caravana petista para o Sul do Brasil um mês depois da condenação de Lula é um movimento arriscado e curioso. A última vez que Lula discursou em um palanque catarinense foi em 2010, em Joinville, quando defendeu extirpar o DEM da política. Voltará para lutar contra a própria extirpação.

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