Por mais que Jair Bolsonaro (PSL) grite, que Ciro Gomes (PDT) provoque, que Marina Silva (Rede) pondere, que Geraldo Alckmin (PSDB) equacione, que Henrique Meirelles (MDB) contabilize, não adianta: as eleições presidenciais de 2018 serão lulocêntricas. Se havia alguma dúvida sobre isso, o impasse armado a partir do habeaus corpus do desembargador Rogério Favreto, do TRF-4, determinando a soltura do ex-presidente Lula (PT) deixou claro o quanto o fantasma do petista – candidato ou não – estará presente na disputa de outubro.
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As sucessivas decisões e contra-decisões do domingo abriram a perspectiva de de que Lula fosse solto, o que inflamou sua militância e incendiou os anti-petistas. Desde que a prisão, em abril, criou-se uma uma expectativa de que a prisão do ex-presidente fosse sendo assimilada até ao período eleitoral, especialmente quando o PT optasse por um plano B à sua candidatura. Nesse contexto, a eleição sem Lula seria também uma eleição pós-Lula – o que poderia ajudar candidatos com discurso conciliador, à direita e à esquerda.
O que fica claro no episódio deste domingo é que o PT está disposto a utilizar qualquer artimanha para manter acesa a narrativa de que Lula é um preso político perseguido pela sanha de juízes partidários. Nem que para isso use o artifício de peticionar ao desembargador mais afinado ideologicamente durante o plantão judiciário. Entrar com recursos até um deles cair no juiz certo tem funcionado no Supremo Tribunal Federal para outros políticos encrencados, de diversos partidos.
O PT sabe que pode registrar Lula como candidato a presidente e deve fazê-lo no último dia do prazo, 15 de agosto. Esse registro terá que ser julgado pela Justiça Eleitoral e fatalmente será contrário à candidatura, levando à consequente substituição do nome. Os advogados dos petistas estimam que podem arrastar essa decisão até oito dias antes do primeiro turno das eleições. Até lá, Lula – mesmo preso – seria o principal personagem da campanha.
Em 2012, Clésio Salvaro (PSDB) concorria à reeleição como prefeito de Criciúma com base em liminares, após ter o registro negado por causa da Lei Ficha Limpa. As pesquisas apontavam que ele teria mais de 50% dos votos. Teve 63%, fato que gerou uma nova eleição – realizada no ano seguinte, sem o tucano, mas elegendo seu candidato. Todos sabiam que Clésio não podia ser candidato em 2012.
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Todos sabem que Lula não pode ser candidato em 2018. Quando incluído nas pesquisas, o petista lidera os cenários – mas não parece ter fôlego para alcançar mais da metade dos votos válidos, necessários para anular a eleição. Pelos números de hoje, teríamos um segundo turno entre dois nomes fragilizados e um país em chamas.
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