Há um ano, Lucas Esmeraldino vivia sentimentos quase opostos. Comemorava a magnífica performance eleitoral do então nanico PSL-SC, que sob seu comando e impulsionado pela onda Jair Bolsonaro elegeu seis deputados estaduais, quatro deputados federais e o governador Carlos Moisés. Ao mesmo tempo, lamentava os cerca de 18 mil votos que faltaram para que se elegesse senador.
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Nomeado secretário do Desenvolvimento Econômico e Sustentável, Esmeraldino foi sendo apartado da máquina partidária. Em janeiro deste ano, entrou em colisão com parte da bancada federal do partido que reagiu à decisão dele de excluí-los da executiva estadual. Em julho, acabou substituído no comando do PSL-SC pelo deputado federal Fábio Schiochet – alinhado a Moisés e ao presidente nacional Luciano Bivar. O racha precipitado pela decisão de Bolsonaro de formar o Aliança fez com que o parlamentares catarinenses hostis a Moisés anunciassem a intenção de deixar o partido. Mesmo assim, Esmeraldino continuou fora do grupo dirigente do PSL catarinense.
Na entrevista a seguir, o secretário avalia todo esse cenário e lamenta o racha que fragmentou em menos de um ano uma das maiores vitórias eleitorais da história política catarinense. Conclama todos a olhar “onde estavam há um ano e onde estão agora” e diz estar ter convicção de que em 2022 os caminhos bolsonaristas voltam a se cruzar.
– Acredito que Moisés estará com Bolsonaro e Bolsonaro com Moisés. Um grande presidente e um grande governador. As forças políticas podem tentar desconstruir isso, mas não vão conseguir.
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O senhor pegou um partido que não existia e entregou com um governador eleito, quatro deputados federais, seis deputados estaduais e agora vê esse partido desmontar em Santa Catarina. Três federais vão embora, os seis estaduais se manifestam nesse sentido. Como vê esse momento do partido?
Primeiro, tenho só que agradecer a oportunidade que o presidente Jair Bolsonaro me deu de construir com liberdade em Santa Catarina, fazendo o melhor para o Brasil e o Estado. Meu sentimento é de agradecimento. Recebi uma nova missão e procuro cumprir as missões que recebo. Bolsonaro me deu uma missão e eu cumpri, acredito que fui feliz. O PSL teve o melhor resultado do Brasil. Agora estou em uma nova missão que é comandar uma grande secretaria do Estado.
Mas o senhor olha para o partido…
Estou me dedicando 100% à secretaria neste momento.
Quando me afastei da executiva estadual do partido, a pedido do governador Moisés, para me dedicar exclusivamente à secretaria, não tive mais nenhuma interferência no partido.
De lá para cá, aconteceram muitas coisas que vocês visualizaram. Não por minha culpa ou porque me afastei do partido, mas porque já vinham acontecendo lá em cima (Brasília). Esse desconforto do Jair querer em alguns Estados indicar os presidentes, o Bivar não quis. São Paulo e Rio de Janeiro, de repente, talvez tenham sido o grande causador disso tudo.
Mas aqui em Santa Catarina também havia sinais. No início do ano os deputados federais que hoje estão de saída tentaram tirar o senhor da presidência. Foi um embrião do que a gente veria depois.
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Agora é exclusivo, nunca falei sobre aquele momento, não quis falar porque achei que não era necessário. Foi uma escolha minha.
Eu não quis deixar nenhum deputado na executiva. Porque o deputado interfere nas lideranças novas que surgem. Eles querem tomar conta de seu espaço e a executiva precisava trabalhar por um partido mais forte, mais firme.
Queria dar espaço para essa construção. Não teve perseguição a ninguém. Cada deputado desses que entrou (no PSL), chegou pelo nosso convite. Eu tenho eles como filhos, por isso minha tristeza profunda nesse momento ímpar em que o PSL de Santa Catarina coloca quatro deputados federais, seis estaduais, e está acontecendo esse racha lá em cima que acaba refletindo aqui embaixo.
Hoje dos seis deputados estaduais que o PSL elegeu, o governo Moisés conta com dois em sua base aliada. Não tinha como impedir que eles fossem praticamente para a oposição?
Eu não acredito que eles são oposição. Acredito que em um discurso de áudio de Whatsapp falar, mas lá estão votando com o governador Moisés. É só pegar a relação dos votos. Eles vão votar a favor do cidadão catarinense, não do governador Moisés. Se a ideia não é boa, vamos sentar e construir uma melhor ideia. Isso está acontecendo sempre.
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Alguns não gostam, mas isso é algo que precisa ser admirado no nosso governador: o diálogo. Ele escuta, tem um bom diálogo, e às vezes as pessoas não gostam que ele receba todos.
Eu lamento muito, mas não acredito que a solução fosse a construção de um novo partido. Isso só o futuro vai nos dizer.
Com os anúncios de saída dos parlamentares que querem formar o Aliança aqui em Santa Catarina foi formulada uma nova executiva estadual. O senhor não está nela. Por quê?
Hoje minha missão é pensar 24 horas a Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável. Fazer um bom trabalho no governo, essa é a missão que me foi passada. Confio 300% na capacidade do nosso governador Moisés e sigo as orientações dele.
O senhor não foi eleito senador por um punhado de votos. Para onde o senhor mira? A próxima eleição estadual?
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Sonho todo mundo vai ter. Tem gente que sonha em ser presidente da República, tem gente que sonha ser deputado pela primeira vez. Um filme passa na minha cabeça quando lembro que por 18 mil votos não me elegi. Mas acredito que tudo na Terra acontece pela permissão de Deus. Pode ter culpa de alguma estratégia? Pode, mas eu acho que é um momento. Eu vou continuar aqui na secretaria fazendo um bom trabalho. Sou candidato a alguma coisa na próxima eleição. Não quero falar se candidato ao Senado ou outra pretensão. Hoje estou aqui e meu comandante é o governador Moisés. Sou um soldado e vou trabalhar para ser o melhor secretário que já passou pela pasta.
A eleição municipal está fora do seu radar?
Sim. A não ser que nosso comandante me coloque para jogar. Se o governador Moisés entender que eu tenho que ser candidato no município onde morei (Tubarão) ou onde estou morando (Florianópolis), eu fico esperando as ordens do meu comandante.