Líder do governo Carlos Moisés (PSL) na Assembleia Legislativa, a deputada estadual Paulinha (PDT) afirmou no Estúdio CBN Diário desta quinta-feira não acreditar que a equiparação salarial de procuradores seja motivo para impeachment do governador, mas deu um recado contundente sobre as dificuldades de relacionamento político entre Executivo e Legislativo, ponto central do processo de afastamento deflagrado na quarta-feira pelo presidente Júlio Garcia (PSD).
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– A possibilidade de Moisés não ser afastado está muito mais na mão dele próprio do que do parlamento. Ele tem que fazer essa conquista. Não depende do líder, de um secretário. O governador é ele. Se alguém for afastado, será ele. Vejo de forma simples porque é uma questão simples.
Participei da entrevista conduzida pelos colegas Leandro Lessa e Mateus Boaventura, da CBN Diário. Paulinha falou abertamente sobre as dificuldades de relacionamento dos deputados com Moisés e afirmou que o governo não deve ter uma estratégia apenas para enfrentar o processo de impeachment, mas também para ter uma base de apoio consistente.
– Ele precisa construir o relacionamento com a Alesc para este e para todos os outros fatos. Ele não vai resolver essa questão resolvendo pontualmente a questão do impeachment. Nesse sentido, digo que o governo já vem fazendo alguns esforços para edificar essa relação. Um gesto é a liquidação das emendas. Estamos falando de R$ 500 milhões que vão ser pagos até o final de dezembro.
Sobre os rumores de que poderia deixar a liderança, ela admite que pensa no assunto, mas que não conversou ainda sobre isso com Moisés – ambos têm encontro marcado para esta sexta-feira.
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Ouça a entrevista de Paulinha ao Estúdio CBN Diário:
Leia o que disse a líder do governo na Alesc:
Equiparação salarial dos procuradores do governo com os da Alesc é motivo para cassar o governador?
Eu não acho que é caso para cassação. É uma questão administrativa bastante controversa, provocada ainda no governo anterior, por uma categoria que briga por seus direitos, com decisões judiciais para lá e para cá. É importante que se diga que o MP-SC não acolheu a denúncia de fato do mesmo teor. É precipitado aos deputados exaurir juízos de valor, mas, em princípio, não vejo nesse aspecto um motivo para o afastamento do governo.
O governo Moisés tem capacidade política para evitar o impeachment?
Eu entendo que sim. Se o governo tiver vontade. Essa pergunta a gente tem que fazer para o governo. A fragilidade e o distanciamento entre poderes também se agravou em função da pandemia, a gente vive em um estado atípico. Muita gente critica Moisés pela sua forma de ser, muito recolhido. Às vezes falando no rádio a gente não acha a palavra ideal. Tem gente que acha Moisés arrogante, é uma palavra que falam muito dele, e que por causa disso não empreende o diálogo. Mas isso não é motivo para cassar um governador. Tem outras questões que a gente precisa avaliar, SC perde muito com isso. É minha visão de cidadã. Para esse fato, não vejo acolhida para cassação. E acho que se o governo tiver vontade, ele recupera, reconstrói essa condição com a Alesc. Mas, como eu disse, depende de o governo querer.
O governo está atuando de forma a reconstruir uma base de apoio na Alesc?
Acho que não com suficiência. Na vida tudo é assim, não adianta fazer 90% e não fazer os 10% que faltam. Fazer um bolo maravilhoso e esquecer de ligar o forno. É preciso completar os ciclos. As relações não são feitas na base do negócio. Parlamentar não espera que o governador pague as emendas ou que consiga um recurso para resolver a vida dele, ele espera respeito. Moisés fez 71% dos votos para governador em Santa Catarina, mas a Alesc fez 100%, junto com os não eleitos que compuseram as chapas. Esse diálogo exige dedicação de tempo. O Moisés é uma pessoa muito agradável, não tenho do que me queixar. Pensamos diferente em muitas coisas, mas não vou fazer um juízo de valor sobre seu governo por uma virtudes ou defeitos pessoal do governador. Francamente, acho que a gente vive um momento de exceção, em momento de pandemia não é hora de afastar ninguém. A menos que tenha um apto grave, um ato corruptório consagrado, um crime de responsabilidade pessoal. Tirando isso, temos que ter muita serenidade, porque é o Estado que sangra.
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Qual a estratégia para evitar o impeachment?
Não é uma estratégia política para esse fato. Ele precisa construir o relacionamento com a Alesc para este e para todos os outros fatos. Ele não vai resolver essa questão resolvendo pontualmente a questão do impeachment. Nesse sentido, digo que o governo já vem fazendo alguns esforços para edificar essa relação. Um gesto é a liquidação das emendas. Estamos falando de R$ 500 milhões que vão ser pagos até o final de dezembro. Essa foi uma pauta que eu cuidei muito para que avançasse de forma republicana e não foi nem um pouco difícil convencer o Moisés. Ninguém deve nada para ninguém, a relação entre poderes tem que ser respeitosa, mas é importante também que se reconheça o ato de compromisso do governo para com o parlamento.
Continua na liderança do governo?
Passei 30 dias convalescendo e fiquei com sequelas no pulmão. Peguei mais uma pneumonia com a covid, a 12a, não sei se vou ter condições físicas de seguir com uma tarefa que vai exigir tanto a partir de agora. Não conversei ainda com o Moisés, não tenho nada decidido na cabeça, mas confesso que estou um pouco aterrorizada com o que recentemente vivi. Em um momento como este que vai exigir muito diálogo, muita conversa, não sei se vou ter disponibilidade física. Mas é possível que eu fique, não tem nada decidido.
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