Quarta-feira foi dia de ver a nova e a velha Assembleia Legislativa trabalhando ao mesmo tempo. Enquanto os atuais deputados estaduais limpavam uma volumosa pauta de votações para encerrar o ano legislativo, os sobreviventes e os parlamentares eleitos acertaram os ponteiros da sucessão no comando do Legislativo. Sem surpresas, Júlio Garcia (PSD) dará as cartas novamente.

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O pessedista havia se tornado favorito na semana passada, quando acertou o armistício com Gelson Merisio (PSD), futuro ex-deputado, e tornou-se candidato oficial da bancada pessedista. A partir daí, assumiu o controle da articulação de pequenas e médias bancadas que não queriam o MDB na presidência e pretendiam isolar o PSL em seus dois primeiros anos na Alesc. Foi essa a articulação concluída com sucesso na quarta-feira.

Candidato emedebista ao comando da Alesc, Mauro de Nadal acabou aceitando a vaga de primeiro vice-presidente. Caberá também ao MDB a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a principal da Casa. Os nove emedebistas ainda curam as feridas do racha interno entre Nadal e Valdir Cobalchini, que também postulava a presidência. Mais uma vez ficaram pelo caminho – a última vez que um nome do partido assumiu a Alesc para um mandato de dois anos foi Juarez Furtado no longínquo 1987.

Segunda maior bancada eleita com seis integrantes, o PSL do governador Carlos Moisés da Silva, foi isolado. Fechou um bloco com os três deputados do PR (que pode ter ainda o PSC de Jair Miotto) que lhe garante vagas na CCJ e na Comissão de Finanças e Tributação, mas vai ceder aos republicanos a cadeira na mesa diretora e não comandará nenhuma comissão de destaque. Finanças, a segunda mais importante, será do PSDB – que elegeu apenas dois deputados. Educação e Saúde, dos petistas.

Futuro líder do governo na Assembleia, o deputado estadual eleito Onir Mocellin (PSL) diz que esse cenário aconteceu porque a nova gestão não quis entrar no jogo de troca de cargos no Poder Executivo para construir uma maioria no parlamento. Na ocupação dos espaços internos da Alesc, Júlio Garcia teria conseguido a maioria necessária.

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Curioso é que o desejo inicial do pessedista era o oposto: construir uma base com MDB e PSL visando a fundação de uma força política duradoura. Para isso, cederia aos emedebistas a presidência nos dois primeiros anos da nova legislatura. Um tanto por falta de habilidade política, outro por medo de que faturas fossem cobradas mais à frente e mais um pouco por não querer vinculação com a velha política, o PSL de Moisés deixou essa oportunidade se perder.

Outras devem vir. Júlio Garcia soube deixar as portas abertas. A Mocellin, o pessedista garante que vai ajudar o futuro governo. Não parece querer abrir mão do papel de fiador político da próxima gestão. Resta, no entanto, uma dúvida legítima sobre a capacidade do futuro governo de formar maioria mínima no parlamento. No primeiro teste, apenas assistiu ao jogo dos profissionais.