Nesta terça-feira (05) começa efetivamente a gestão do deputado estadual Júlio Garcia (PSD) na Assembleia Legislativa, em sua terceira passagem pela presidência, após um hiato de uma década fora do parlamento. O perfil do pessedista e as falas dos últimos dias indicam que ele fará uma espécie de contraponto ao governador Carlos Moisés da Silva (PSL).
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Atenção, leitor: escrevi contraponto, não oposição. Pelo menos não ainda. Nos últimos dias, algumas faíscas indicaram a chance de um curto-circuito nessa relação. Carlos Moisés e Júlio Garcia representam expressões quase opostas.
O governador surfou a onda de Jair Bolsonaro (PSL) e da antipolítica. Apresenta-se como a pessoa que vai fazer uma gestão técnica e que não cederá às pressões político-partidárias.
Recebe aplausos na sociedade por isso e estes aplausos pretende usar como instrumento para aprovar no parlamento seus projetos mais importantes, a começar pela reforma administrativa que deve encaminhar ainda este mês. Na entrevista que me concedeu no programa Cabeça de Político, quinta-feira passada, véspera da posse dos deputados, Moisés disse:
– O que menos me preocupa hoje é a Assembleia Legislativa.
Por outro lado, Júlio Garcia é político por excelência. Hábil negociador e construtor de coalizões políticas – algumas improváveis. Ao tomar posse como presidente na Alesc na última sexta-feira, deixou claro em seu discurso que tem “orgulho de ser político” – sem medo do desgaste que a palavra tem hoje na sociedade e possibilitando o entendimento de que mandava um recado ao governador.
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Antes de viabilizar sua volta ao comando da Casa, o pessedista tentou construir uma nova coalização com MDB e PSL, abrindo mão de presidir o parlamento no primeiro momento. Ignorado pelo Centro Administrativo, buscou outro caminho e o consolidou.
A partir desta terça-feira, viveremos o governo Moisés na plenitude. O primeiro mês, com Legislativo em recesso, foi um ensaio, uma carta de intenções. Agora o jogo está completo.
Na entrevista que concedeu ao colega Mário Motta na CBN/Diário segunda pela manhã, Júlio Garcia foi mais claro em seus desconfortos. Questionado sobre a reforma administrativa, foi seco.
– Ninguém conhece nem uma linha da reforma administrativa, portanto não há o que comentar.
O pessedista também voltou a dizer que não acredita em nova ou velha política, mote de Moisés: “isso é bordão de campanha e a campanha já acabou, tem que governar”. Se para bom entendedor meia palavra basta, imagine uma frase inteira.
Na posse do conselheiro Adircélio de Moraes Ferreira Junior na presidência do Tribunal de Contas do Estado, no final da tarde de segunda, Moisés e Júlio sentaram lado a lado e foram meramente protocolares na interação. Novo encontro será hoje, quando o governador leva sua mensagem anual ao parlamento. Essa relação merece um olhar atento.
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